No dia 5 de junho é o Dia Mundial do Meio
Ambiente.
Assista :
Vídeo produzido por Célia Fernandes Borges e pela jornalista Fernanda Fernandes Borges
É preciso
conscientizar o ser humano sobre a importância de se cuidar bem da fauna, da
florae de tudo que compõe a natureza e
permite aexistência de vida na Terra.
O 53°
Dia Mundial das Comunicações Sociais será celebrado pela Igreja Católicano domingo dia 2 de junho.
Veja :
Vídeo produzido por Célia Fernandes Borges e pela jornalista Fernanda Fernandes Borges
Foto: Célia Fernandes Borges
O diálogo é indispensável para uma boa comunicação
MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO
PARA O LIII DIA MUNDIAL DAS COMUNICAÇÕES SOCIAIS (2 DE JUNHO DE 2019)
« “Somos membros uns dos outros” (Ef 4, 25):
das comunidades de redes sociais à comunidade humana »
Queridos
irmãos e irmãs!
Desde quando se tornou
possível dispor da internet, a Igreja tem sempre procurado que o seu uso sirva
o encontro das pessoas e a solidariedade entre todos. Com esta Mensagem,
gostaria de vos convidar uma vez mais a refletir sobre o fundamento e a
importância do nosso ser-em-relação e descobrir, nos vastos desafios do atual
panorama comunicativo, o desejo que o homem tem de não ficar encerrado na
própria solidão.
As
metáforas da «rede» e da «comunidade»
Hoje, o ambiente dos
mass-media é tão invasivo que já não se consegue separar do círculo da vida
quotidiana. A rede é um recurso do nosso tempo: uma fonte de conhecimentos e
relações outrora impensáveis. Mas numerosos especialistas, a propósito das
profundas transformações impressas pela tecnologia às lógicas da produção,
circulação e fruição dos conteúdos, destacam também os riscos que ameaçam a
busca e a partilha duma informação autêntica à escala global. Se é verdade que
a internet constitui uma possibilidade extraordinária de acesso ao saber,
verdade é também que se revelou como um dos locais mais expostos à desinformação
e à distorção consciente e pilotada dos factos e relações interpessoais, a
ponto de muitas vezes cair no descrédito.
É necessário
reconhecer que se, por um lado, as redes sociais servem para nos conectarmos
melhor, fazendo-nos encontrar e ajudar uns aos outros, por outro, prestam-se
também a um uso manipulador dos dados pessoais, visando obter vantagens no
plano político ou económico, sem o devido respeito pela pessoa e seus direitos.
As estatísticas relativas aos mais jovens revelam que um em cada quatro
adolescentes está envolvido em episódios de cyberbullying.[1]
Na complexidade deste
cenário, pode ser útil voltar a refletir sobre a metáfora da rede, colocada
inicialmente como fundamento da internet para ajudar a descobrir as suas
potencialidades positivas. A figura da rede convida-nos a refletir sobre a
multiplicidade de percursos e nós que, na falta de um centro, uma estrutura de
tipo hierárquico, uma organização de tipo vertical, asseguram a sua
consistência. A rede funciona graças à comparticipação de todos os elementos.
Reconduzida à dimensão
antropológica, a metáfora da rede lembra outra figura densa de significados:
a comunidade. Uma comunidade é tanto mais forte quando mais for
coesa e solidária, animada por sentimentos de confiança e empenhada em
objetivos compartilháveis. Como rede solidária, a comunidade requer a escuta
recíproca e o diálogo, baseado no uso responsável da linguagem.
No cenário atual,
salta aos olhos de todos como a comunidade de redes sociais não seja,
automaticamente, sinónimo de comunidade. No melhor dos casos, tais comunidades
conseguem dar provas de coesão e solidariedade, mas frequentemente permanecem
agregados apenas indivíduos que se reconhecem em torno de interesses ou
argumentos caraterizados por vínculos frágeis. Além disso, na social
web, muitas vezes a identidade funda-se na contraposição ao outro, à pessoa
estranha ao grupo: define-se mais a partir daquilo que divide do que daquilo
que une, dando espaço à suspeita e à explosão de todo o tipo de preconceito
(étnico, sexual, religioso, e outros). Esta tendência alimenta grupos que
excluem a heterogeneidade, alimentam no próprio ambiente digital um
individualismo desenfreado, acabando às vezes por fomentar espirais de ódio. E,
assim, aquela que deveria ser uma janela aberta para o mundo, torna-se uma
vitrine onde se exibe o próprio narcisismo.
A rede é uma
oportunidade para promover o encontro com os outros, mas pode também agravar o
nosso autoisolamento, como uma teia de aranha capaz de capturar. Os
adolescentes é que estão mais expostos à ilusão de que a social web possa
satisfazê-los completamente a nível relacional, até se chegar ao perigoso
fenómeno dos jovens «eremitas sociais», que correm o risco de se alhear
totalmente da sociedade. Esta dinâmica dramática manifesta uma grave rutura no
tecido relacional da sociedade, uma laceração que não podemos ignorar.
Esta realidade
multiforme e insidiosa coloca várias questões de caráter ético, social,
jurídico, político, económico, e interpela também a Igreja. Enquanto cabe aos
governos buscar as vias de regulamentação legal para salvar a visão originária
duma rede livre, aberta e segura, é responsabilidade ao alcance de todos nós
promover um uso positivo da mesma.
Naturalmente não basta
multiplicar as conexões, para ver crescer também a compreensão recíproca.
Então, como reencontrar a verdadeira identidade comunitária na consciência da
responsabilidade que temos uns para com os outros inclusive na rede on-line?
«Somos membros uns
dos outros»
Pode-se esboçar uma
resposta a partir duma terceira metáfora – o corpo e os membros –
usada por São Paulo para falar da relação de reciprocidade entre as pessoas,
fundada num organismo que as une. «Por isso, despi-vos da mentira e diga cada
um a verdade ao seu próximo, pois somos membros uns dos outros» (Ef 4,
25). O facto de sermos membros uns dos outros é a motivação
profunda a que recorre o Apóstolo para exortar a despir-se da mentira e dizer a
verdade: a obrigação de preservar a verdade nasce da exigência de não negar a
mútua relação de comunhão. Com efeito, a verdade revela-se na comunhão; ao
contrário, a mentira é recusa egoísta de reconhecer a própria pertença ao
corpo; é recusa de se dar aos outros, perdendo assim o único caminho para se
reencontrar a si mesmo.
A metáfora do corpo e
dos membros leva-nos a refletir sobre a nossa identidade, que se funda sobre a
comunhão e a alteridade. Como cristãos, todos nos reconhecemos como membros do
único corpo cuja cabeça é Cristo. Isto ajuda-nos a não ver as pessoas como
potenciais concorrentes, considerando os próprios inimigos como pessoas. Já não
tenho necessidade do adversário para me autodefinir, porque o olhar de
inclusão, que aprendemos de Cristo, faz-nos descobrir a alteridade de modo
novo, ou seja, como parte integrante e condição da relação e da proximidade.
Uma tal capacidade de
compreensão e comunicação entre as pessoas humanas tem o seu fundamento na
comunhão de amor entre as Pessoas divinas. Deus não é Solidão, mas Comunhão; é
Amor e, consequentemente, comunicação, porque o amor sempre comunica; antes,
comunica-se a si mesmo para encontrar o outro. Para comunicar connosco e Se
comunicar a nós, Deus adapta-Se à nossa linguagem, estabelecendo na história um
verdadeiro e próprio diálogo com a humanidade (cf. Conc. Ecum. Vat. II, Const.
dogm. Dei Verbum, 2).
Em virtude de termos
sido criados à imagem e semelhança de Deus, que é comunhão e comunicação-de-Si,
trazemos sempre no coração a nostalgia de viver em comunhão, de pertencer a uma
comunidade. Como afirma São Basílio, «nada é tão específico da nossa natureza
como entrar em relação uns com os outros, ter necessidade uns dos outros».[2]
O panorama atual
convida-nos, a todos nós, a investir nas relações, a afirmar – também na rede e
através da rede – o caráter interpessoal da nossa humanidade. Por maior força
de razão nós, cristãos, somos chamados a manifestar aquela comunhão que marca a
nossa identidade de crentes. De facto, a própria fé é uma relação, um encontro;
e nós, sob o impulso do amor de Deus, podemos comunicar, acolher e compreender
o dom do outro e corresponder-lhe.
É precisamente a
comunhão à imagem da Trindade que distingue a pessoa do indivíduo. Da fé num
Deus que é Trindade, segue-se que, para ser eu mesmo, preciso do outro. Só sou
verdadeiramente humano, verdadeiramente pessoal, se me relacionar com os outros.
Com efeito, o termo pessoa conota o ser humano como «rosto», voltado para o
outro, comprometido com os outros. A nossa vida cresce em humanidade passando
do caráter individual ao caráter pessoal; o caminho autêntico de humanização
vai do indivíduo que sente o outro como rival para a pessoa que nele reconhece
um companheiro de viagem.
Do
«like» ao «amen»
A imagem do corpo e
dos membros recorda-nos que o uso da social web é complementar
do encontro em carne e osso, vivido através do corpo, do coração, dos olhos, da
contemplação, da respiração do outro. Se a rede for usada como prolongamento ou
expetação de tal encontro, então não se atraiçoa a si mesma e permanece um
recurso para a comunhão. Se uma família utiliza a rede para estar mais
conectada, para depois se encontrar à mesa e olhar-se olhos nos olhos, então é
um recurso. Se uma comunidade eclesial coordena a sua atividade através da
rede, para depois celebrar juntos a Eucaristia, então é um recurso. Se a rede é
uma oportunidade para me aproximar de casos e experiências de bondade ou de
sofrimento distantes fisicamente de mim, para rezar juntos e, juntos, buscar o
bem na descoberta daquilo que nos une, então é um recurso.
Assim, podemos passar
do diagnóstico à terapia: abrir o caminho ao diálogo, ao encontro, ao sorriso,
ao carinho... Esta é a rede que queremos: uma rede feita, não para capturar,
mas para libertar, para preservar uma comunhão de pessoas livres. A própria
Igreja é uma rede tecida pela Comunhão Eucarística, onde a união não se baseia
nos gostos [«like»], mas na verdade, no «amen»com que cada um
adere ao Corpo de Cristo, acolhendo os outros.
Vaticano,
na Memória de São Francisco de Sales, 24 de janeiro de 2019.