Fernanda Fernandes Borges

Fernanda Fernandes Borges

quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Poesia é a arte através das palavras


                                        

                                                     Fernanda Fernandes Borges 




No  dia 31 de outubro comemora-se o Dia Nacional da Poesia. A data foi oficializada através da Lei nº 13.131 de 3 de junho de 2015 e é uma homenagem ao aniversário de um dos maiores poetas brasileiros Carlos Drummond de Andrade.



                                                                                                     Foto: Reprodução 

Carlos Drummond de Andrade nasceu em Itabira, Minas Gerais, em 31 de outubro de 1902

                                


Nos texto poéticos, muitas vezes,  há a percepção da realidade através da imaginação e dos  sentimentos do autor  e também do leitor.
Nesse tipo de arte há a utilização de variados recursos lingüísticos e também estéticos.
A poesia é considerada uma das sete artes tradicionais que exprime os sentimentos mais íntimos do poeta ou dos personagens idealizados pelo autor.
Os poemas de Drummond , um dos maiores representantes da literatura brasileira no século XX,  retratam temáticas associadas ao cotidiano, à família, aos amigos  e aos conflitos sociais, através de uma visão crítica  do mundo e das pessoas.
Destacam-se na obra de Carlos Drummond de Andrade os poemas: Sentimento do Mundo (1940), José (1942), Lição de Coisas    ( 1962), Corpo (1984),  Amar se Aprende Amando ( 1985), dentre vários outros.


                              Leia o poema  “José ’’ :
José

E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?

Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?

E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio — e agora?

Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?

Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!

Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?





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