Fernanda Fernandes Borges

Fernanda Fernandes Borges

terça-feira, 12 de dezembro de 2017

A mídia brasileira é dominada por poucos

                           

                                                                    Fernanda Fernandes Borges




Os principais veículos de comunicação no Brasil são controlados por apenas cinco famílias. A informação é de uma pesquisa realizada pela ONG francesa Repórteres Sem Fronteiras (RSF)  e pela ONG brasileira Intervozes. A pesquisa de Monitoramento de Propriedade da Mídia (Media Ownwership Monitor ou MOM), realizada em parceria com o governo alemão mostrou que dos 50 meios de comunicação com maior audiência no Brasil, 26 pertencem a essas famílias.


                                                                                               Foto: Fernanda Fernandes Borges

A mídia brasileira é controlada por poucos 


A pesquisa MOM foi criada e implementada pela  Repórteres Sem Fronteiras (RSF) que tem a sede na França e luta pela liberdade de imprensa e pelo direito de informar.
 Nessa edição brasileira contou com a parceria da  Intervozes    (Coletivo Brasil de Comunicação Social ) que visa valorizar a democracia e a liberdade de imprensa.
O estudo integra um projeto global do Ministério de Cooperação Econômica e Desenvolvimento da Alemanha  que tem como objetivo promover a transparência e a pluralidade ao redor do mundo.
A pesquisa MOM sobre o nosso país é a 11ª versão do levantamento já realizado em outros países em desenvolvimento como: Camboja, Colômbia, Filipinas, Mongólia, Gana, Peru, Sérvia, Tunísia, Turquia e Ucrânia.
A pesquisa foi realizada durante quatro meses e foi apresentada no dia 31 de outubro de 2017.
 Ela  analisou 50 veículos de comunicação, sendo: 11 redes de TV (aberta e por assinatura); 12 redes de rádio, 17 veículos de mídia impressa (jornais de circulação diária e revistas de circulação semanal) e 10 veículos online (portais de notícias).
O Brasil teve o pior desempenho das 11 nações já analisadas. Ficou em último lugar,   no que se refere ao Risco à Pluralidade de Mídia. Apresentou risco alto em seis outros quesitos observados no estudo.
Os principais itens analisados foram: riscos para a pluralidade da mídia, avaliando itens que vão desde a concentração de propriedades e de audiência,  passando por regulamentação sobre propriedade de mídias,  até o nível de transparência sobre o controle das empresas.


Foto: Fernanda Fernandes Borges


O brasileiro deve contar com mais pluralidade  na comunicação

                                 

Veja as cinco famílias que controlam 26 dos 50 veículos de comunicação de maior audiência no Brasil:

- O Grupo Globo da família Marinho detém nove veículos de comunicação;

- A Família Saad do Grupo Bandeirantes possui cinco veículos de comunicação;

- A família de Edir Macedo controla a Record que tem também cinco veículos de comunicação;

- A família Sirotsky controla o grupo RBS que tem quatro veículos de comunicação;

- O grupo Folha tem três veículos de comunicação e é controlado pela família  Frias;

A ausência de restrições à propriedade cruzada nos meios de comunicação,  com exceção no mercado de TV paga, permite que os líderes de mercado dominem múltiplos segmentos.
As grandes redes nacionais  de TV aberta  controlam emissoras de rádio, portais de internet, revistas e jornais impressos.
O estudo classificou a concentração de poder na mídia brasileira de “coronelismo eletrônico” e comparou essa prática às  propriedades de terra que também pertencem a poucos,  em nosso país.
 A pesquisa  concluiu que o domínio dessas famílias sobre os meios de comunicação é um oligopólio, que pode ser definido como uma prática em que poucas empresas controlam a maior parte do mercado da comunicação brasileira. Pela Constituição Brasileira,  essa prática é proibida.
A tecnologia digital, o crescimento da internet e os esforços regulatórios ocasionais não foram suficientes  para limitarem a formação desses oligopólios, segundo os pesquisadores.
O estudo constatou que falta em nosso país um quadro regulador   e que as poucas leis existentes não são implementadas,  para evitar essa concentração da mídia na mãos de poucos.
A Constituição Brasileira proíbe que políticos controlem empresas de mídia. Porém, 32 deputados federais  e oito senadores possuem meios de comunicação, ainda que não sejam os seus proprietários formais.
 A falta de pluralidade e diversidade na comunicação brasileira impede que o país tenha uma democracia verdadeira. O poder midiático na mão de poucos favorece interesses comerciais de grandes famílias que muitas vezes desejam apenas lucrar, sem dar importância ao conteúdo veiculado.




                                                                                               Foto: Fernanda Fernandes Borges


É necessário diversificar o conteúdo apresentado ao público 

                 


É um absurdo que essas concessões de rádio e TV continuem sendo comandadas por velhos líderes que não inovam, impedindo o acesso à informação de modo imparcial e isento de fórmulas que visam manipular os conceitos de muitos cidadãos.
O Brasil deve criar leis mais rígidas sobre os meios de comunicação,  para evitar essa concentração nociva que apenas prejudica o senso crítico de sua população.
É preciso diversificar,  para desenvolver  ideias  que possibilitem um comunicação mais ampla. A imprensa necessita de liberdade para informar com decência e promover debates que sejam úteis para a realidade do país em que vivemos.




Nenhum comentário:

Postar um comentário