Fernanda Fernandes Borges
Os principais veículos de comunicação no Brasil são
controlados por apenas cinco famílias. A informação é de uma pesquisa realizada
pela ONG francesa Repórteres Sem
Fronteiras (RSF) e pela ONG
brasileira Intervozes. A pesquisa de
Monitoramento de Propriedade da Mídia (Media Ownwership Monitor ou MOM),
realizada em parceria com o governo alemão mostrou que dos 50 meios de
comunicação com maior audiência no Brasil, 26 pertencem a essas famílias.
Foto: Fernanda Fernandes BorgesA mídia brasileira é controlada por poucos |
A pesquisa MOM
foi criada e implementada pela Repórteres Sem Fronteiras (RSF) que tem
a sede na França e luta pela liberdade de imprensa e pelo direito de informar.
Nessa edição
brasileira contou com a parceria da Intervozes
(Coletivo Brasil de Comunicação
Social ) que visa valorizar a democracia e a liberdade de imprensa.
O estudo integra um projeto global do Ministério de Cooperação Econômica e Desenvolvimento da Alemanha que tem como objetivo promover a
transparência e a pluralidade ao redor do mundo.
A
pesquisa MOM sobre o nosso país é a 11ª versão do levantamento já realizado em
outros países em desenvolvimento como: Camboja, Colômbia, Filipinas, Mongólia,
Gana, Peru, Sérvia, Tunísia, Turquia e Ucrânia.
A pesquisa foi realizada
durante quatro meses e foi apresentada no dia 31 de outubro de 2017.
Ela analisou 50 veículos de comunicação, sendo: 11
redes de TV (aberta e por assinatura); 12 redes de rádio, 17 veículos de mídia
impressa (jornais de circulação diária e revistas de circulação semanal) e 10
veículos online (portais de notícias).
O Brasil teve o pior
desempenho das 11 nações já analisadas. Ficou em último lugar, no que se refere ao Risco à Pluralidade de
Mídia. Apresentou risco alto em seis outros quesitos observados no estudo.
Os principais itens
analisados foram: riscos para a pluralidade da mídia, avaliando itens que vão
desde a concentração de propriedades e de audiência, passando por regulamentação sobre propriedade
de mídias, até o nível de transparência
sobre o controle das empresas.
Foto: Fernanda Fernandes BorgesO brasileiro deve contar com mais pluralidade na comunicação |
Veja as cinco famílias que controlam 26 dos 50 veículos de
comunicação de maior audiência no Brasil:
- O Grupo Globo da família Marinho detém nove veículos de
comunicação;
- A Família Saad do Grupo Bandeirantes possui cinco veículos de
comunicação;
- A família de Edir Macedo controla a Record que tem também
cinco veículos de comunicação;
- A família Sirotsky controla o grupo RBS que tem quatro
veículos de comunicação;
- O grupo Folha tem três veículos de comunicação e é controlado
pela família Frias;
A ausência de restrições à propriedade cruzada nos meios
de comunicação, com exceção no mercado
de TV paga, permite que os líderes de mercado dominem múltiplos segmentos.
As grandes redes nacionais de TV aberta
controlam emissoras de rádio, portais de internet, revistas e jornais
impressos.
O
estudo classificou a concentração de poder na mídia brasileira de “coronelismo
eletrônico” e comparou essa prática às
propriedades de terra que também pertencem a poucos, em nosso país.
A pesquisa concluiu que o domínio dessas famílias sobre
os meios de comunicação é um oligopólio, que pode ser definido como uma prática
em que poucas empresas controlam a maior parte do mercado da comunicação
brasileira. Pela Constituição Brasileira,
essa prática é proibida.
A tecnologia digital, o crescimento da internet e os
esforços regulatórios ocasionais não foram suficientes para limitarem a formação desses oligopólios,
segundo os pesquisadores.
O estudo constatou que falta em nosso país um quadro
regulador e que as poucas leis
existentes não são implementadas, para
evitar essa concentração da mídia na mãos de poucos.
A Constituição
Brasileira proíbe que políticos controlem empresas de mídia. Porém, 32
deputados federais e oito senadores
possuem meios de comunicação, ainda que não sejam os seus proprietários
formais.
A falta de
pluralidade e diversidade na comunicação brasileira impede que o país tenha uma
democracia verdadeira. O poder midiático na mão de poucos favorece interesses
comerciais de grandes famílias que muitas vezes desejam apenas lucrar, sem dar
importância ao conteúdo veiculado.
Foto: Fernanda Fernandes BorgesÉ necessário diversificar o conteúdo apresentado ao público |
É um absurdo que essas concessões de rádio e TV continuem sendo comandadas por velhos líderes que não inovam, impedindo o acesso à
informação de modo imparcial e isento de fórmulas que visam manipular os
conceitos de muitos cidadãos.
O Brasil deve criar leis mais rígidas sobre os meios de
comunicação, para evitar essa
concentração nociva que apenas prejudica o senso crítico de sua população.
É preciso diversificar,
para desenvolver ideias que possibilitem um comunicação mais ampla. A
imprensa necessita de liberdade para informar com decência e promover debates
que sejam úteis para a realidade do país em que vivemos.
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