Fernanda Fernandes Borges
No dia 7 de fevereiro,
o Comitê de Política Monetária
(Copom) apresentou a nova taxa do Sistema
Especial de Liquidação e Custódia (Selic) que caiu de 7% para 6,75% ao ano.
A Selic vem apresentando quedas
desde outubro de 2016 e esse foi o 11° corte. É o menor patamar desde a
implantação do regime de metas da inflação, ocorrido em 1999 e a menor taxa de
juros de toda a série histórica do Banco
Central, iniciada em 1986.
Foto: Fernanda Fernandes BorgesA taxa Selic é referência para outras taxas da economia brasileira |
A Selic é uma
taxa utilizada para operações de curto prazo entre os bancos e serve de
referência para as demais taxas de juros da economia. É referência para o custo
de crédito no país e um dos principais instrumentos do Banco Central para controlar a inflação.
A definição da taxa de juros pelo Banco Central tem como foco o cumprimento da meta da inflação que é
fixada anualmente pelo Conselho
Monetário Nacional (CMN). Em 2018, a meta central é de 4,5% e pode oscilar
entre 3% e 6%, pois há uma tolerância de 1,5% ponto percentual para cima ou
para baixo.
Quando a Selic sobe o
Banco Central deseja conter o excesso de
demanda que pressiona os preços. Geralmente, com os juros mais altos, o crédito
fica mais caro e o consumo cai.
Com a redução da Selic
os juros ficam mais baixos e há um
incentivo à produção e ao consumo.
Com a Selic os
bancos registram operações de crédito fechadas entre eles de um dia para o
outro. Esses empréstimos são lastreados em títulos públicos e o juro que o banco paga para o outro é a
taxa Selic.
A Selic é considerada o custo que o banco tem para pegar dinheiro
e emprestar para o cliente. No entanto, o juro cobrado ao consumidor é bem
maior que a taxa Selic, porque entra na
conta final o custo de operação dos bancos com agências, funcionários , impostos e outros, além do
risco de inadimplência e o seu lucro.
Por isso, os juros do
cartão de crédito e do cheque especial
são bem maiores que a Selic.
Em dezembro de 2017,
os juros cobrados pelo uso do cheque especial chegaram a 323% e os do cartão de
crédito a 334%.
Portanto,
uma queda na taxa Selic
não significa que imediatamente os juros vão cair para consumidores e
empresários que desejam tomar dinheiro emprestado para fazer investimentos.
Foto: Fernanda Fernandes BorgesO consumidor não deve sentir de modo imediato a queda dos juros |
O spread bancário é a diferença entre o
preço que o banco paga pelo dinheiro e o
que ele cobra de seus clientes. O Brasil tem um dos spreads mais caros do
mundo.
Em dezembro de 2017, o spread bancário brasileiro chegou a
32 pontos, mesmo índice de dois anos
antes, quando a taxa Selic estava em 14,25% ao ano.
O resultado disso é que
os cortes da Selic não chegaram ao bolso
de quem toma dinheiro emprestado e nem para quem faz compras a prazo.
Os maiores bancos brasileiros continuam tendo lucros
recordes, porque há uma alta concentração do sistema bancário em nosso país e
por conseqüência os cortes da Selic
demoram a ser sentidos nos juros praticados no mercado.
Após o anúncio da queda da Selic para 6,75%, as
principais instituições bancárias brasileiras anunciaram uma nova redução nas
taxas de juros cobrados no crédito para pessoas físicas e empresas. Porém,
ainda está bem longe do ideal.
Quem deposita dinheiro
na poupança, vê os seus lucros caírem
com a redução da Selic. De acordo com
a regra atual, em vigor desde maio de 2012, há um corte nos rendimentos da
poupança, sempre que a Selic estiver abaixo
de 8,5% ao ano.
A correção anual das
cadernetas de poupança fica restrita a
um percentual equivalente a 70% da Selic, mais a Taxa Referencial (TR) fixada
pelo Banco Central.
Com
a Selic em 6,75%, a correção anual da poupança será de 4,725% ao ano, mais a
Taxa Referencial.
A próxima reunião do Copom
ocorre no dia 21 de março. A expectativa é de que a taxa Selic pare de cair e permaneça em 6,75%
até o fim de 2018.
É necessário haver uma pressão sobre os bancos para que
haja uma efetiva queda nos juros para os empresários que desejam tomar crédito
emprestado e investir na economia, por meio da expansão de seus negócios que
podem gerar milhares de empregos e promover um efetivo crescimento da economia
brasileira.
O consumidor deve evitar fazer contas a prazo e não se
iludir com a queda nas taxas de juros, pois as suas finanças sofrem um impacto
muito maior que o esperado, quando se utiliza o cartão de crédito de modo
irresponsável ou se usa o cheque especial.
Foto: Fernanda Fernandes BorgesSempre que possível, é bom evitar fazer compras para pagar depois |
Quem deposita dinheiro na poupança, deve ficar atento aos rendimentos e verificar
se esse é o melhor tipo de investimento a ser realizado no momento. Apesar de
o lucro ser menor nesse momento, a poupança é isenta de impostos e é considerada um investimento seguro.