Fernanda Fernandes Borges

Fernanda Fernandes Borges

domingo, 25 de janeiro de 2015

O teatro também é um aprendizado

 

                                                      Fernanda Fernandes Borges


Uma tarde chuvosa do dia 25 de janeiro, um domingo. Um dia perfeito para ficar em casa, vendo algum programa pela tv. No entanto, essa não foi a opção de alguns pais que levaram os filhos para assistir ao espetáculo “Cachinhos de Ouro”. A peça integra a 41ª edição da “Campanha de Popularização do Teatro e da Dança”, em Belo Horizonte, e está sendo apresentada no anfiteatro do shopping Pátio Savassi, até o dia 1 de fevereiro.
 
                                                       Foto: Fernanda Fernandes Borges

Peça infantil "Cachinhos de Ouro" levou o público ao teatro

 

A história da garota curiosa que resolve se aventurar pela floresta em busca de novidades é permeada por canções e ensinamentos. Remete ao clássico infantil, do folclore europeu, “Cachinhos Dourados e os Três Ursos”. A desobediência da criança que não ouve a mãe, tem consequências que levam a menina a passar por algumas dificuldades e encontrar com seres falantes, como as árvores, o gato de botas e  animais assustadores, como o lobo mau.
 
                                                                       Foto: Fernanda Fernandes Borges

O enredo tem lições valiosas para as crianças

 
Durante o espetáculo, há interação entre os atores e a plateia. As crianças atentas observam a trajetória da peça e se manifestam na tentativa de auxiliar “Cachinhos de Ouro”, conhecida pelos belos cabelos, a voltar para a casa. Até que enfim, depois de perceber o seu erro ela promete ao papai Urso, na casa que a acolheu, nunca mais sair para a floresta sozinha.
 
                 Foto: Fernanda Fernandes Borges

Atores  encenaram em meio ao público

 

O teatro é uma das formas de despertar na criança a criatividade, além de ensinar, desde cedo, a discernir o que é certo ou errado dentro da sociedade. A reflexão propiciada pela peça é uma chance de pais e filhos conversarem sobre a importância do respeito, da solidariedade e da amizade, valores que podem ser facilmente identificados nesse espetáculo.
 
                 Foto: Fernanda Fernandes Borges

A menina conversa com as árvores

 

Quando na infância o ser humano tem contato com a arte, ele pode vir a ser um adulto mais determinado em seus objetivos e agregar em sua trajetória aprendizados que não ficam apenas por uma hora, que é a duração da peça, em suas mentes, mas para  a vida toda. Por meio dos obstáculos vivenciados pelos personagens, a criança aprende que é possível transpô-los  e não teme quando se depara com eles,  pela primeira vez, seja na escola ou na rua.
 
                                                                         Foto: Fernanda Fernandes Borges

Pais e filhos ficaram atentos à história

 

O encantamento desse universo teatral, repleto de ursos gigantes, canções alegres e uma menina levada serviram de diversão para famílias, que desde cedo, provavelmente já têm a noção de como a cultura é importante para qualquer pessoa.
 
                                          Foto: Fernanda Fernandes Borges

Os ursos divertiram a garotada

 

 A criança ao ter a experiência com o fazer artístico aprimora sua inteligência  e tende a se tornar  mais consciente da realidade e dos desafios da vida. No futuro, poderá buscar soluções criativas para velhos problemas que atormentam a humanidade e desse modo buscar mudanças efetivas não só para si, como para os demais que estão ao seu redor.

 

 

 

 

A liberdade de expressão e seus conflitos

                                                           Fernanda Fernandes Borges

Todo ser humano deveria ter o direito de  se expressar livremente. Infelizmente, a realidade é outra. O atentado ao jornal francês Charlie Hebdo provou o quanto os profissionais das comunicações estão sujeitos à barbárie de pessoas fanáticas, que se dizem religiosas.

No dia 7 janeiro, a invasão, na sede do jornal europeu, culminou na morte de 12 pessoas, sendo 8 jornalistas, além de 11 que ficaram feridas. A motivação para essa brutalidade seriam as caricaturas do profeta  Maomé que o Charlie Hebdo publicou diversas vezes. Desde 2006, o semanário francês vinha sofrendo ameaças.

Os terroristas ao assassinarem os cartunistas, em meio a uma reunião de pauta, gritaram: “Vingamos o profeta”. Para o Islamismo, reproduções gráficas, como as charges do seu líder, são consideradas blasfêmias.

Três homens foram responsáveis pelo ataque ao Charlie Hebdo: Os irmãos Chérif Kouachi e  Said Kouachi, mortos pela polícia,  e Hamyd Mourad , cunhado de Chérif, que se apresentou às autoridades, alegando inocência no crime.

O episódio suscita uma discussão: “Até que ponto vai a liberdade de expressão de um jornalista e como ele pode utilizá-la sem medo de represálias”?. Essa é uma dúvida que permeia a cabeça de muitos profissionais, desde o início do exercício da profissão.

Em muitos casos, o jornalista ao dizer a verdade em seu texto é advertido, não pela liberdade de expressão, mas pelo fato do tipo de informação ir contra os interesses comerciais do jornal. Ou seja, a notícia deve ser passada de modo estratégico, e não da forma como ela realmente é.

A preponderância de poucas empresas de comunicação no Brasil, impede o uso da liberdade de expressão de modo mais amplo. Os veículos tradicionais, em diversos casos, trabalham as notícias de modo desejado, ou seja, o profissional da informação deve sucumbir seu texto aos moldes de quem o emprega e não de acordo com sua consciência.

Se houvesse mais concessões de rádio, tv  e mais jornais alternativos, a liberdade de expressão, aqui em nosso país, poderia ser mais evidente. Lembrando que o direito de comunicar não deve envolver calúnias ou desrespeito aos personagens retratados.

Enquanto na França, milhares de pessoas saíram às ruas em um protesto contra o ataque ao Charlie Hebdo, no Brasil, a maioria da população não tem noção de como vários jornalistas sofrem ao trabalhar.
 
                                                   Foto: Valery Ache/AFP

Milhares de franceses com cartazes: "Eu sou Charlie"



A questão pode ser cultural. Enquanto fomos colonizados por Portugal, a França tem na sua história a Revolução Francesa. O espírito de luta está presente naquele povo. Ao Brasil, resta suprimir este estigma de “dominado” e reagir perante a realidade mundana. O direito à livre expressão deve ser garantido a todos os profissionais da comunicação e ser usado de modo responsável e coerente.

Se a população brasileira tivesse essa consciência e lutasse ao lado dos comunicadores, teria melhores informações e menos manipulação. Assim, até no universo político, seria mais fácil exigir um decoro de algumas autoridades que se aproveitam dos seus próprios veículos de comunicação para fazerem falsas propagandas de sua conduta.

 

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Brasil entra para a história de modo humilhante


                                                                 Fernanda Fernandes Borges


O carioca Marco Archer Cardoso, de 53 anos, é o primeiro cidadão brasileiro a ser executado no exterior. A morte dele  ocorreu, em Jacarta, capital da Indonésia, no último sábado, dia 17, por tráfico de drogas. Em 2003, ele tentou entrar no país com 13,4 Kg de cocaína, escondidos dentro dos tubos de uma asa-delta. Em 2004, foi julgado e condenado à morte, já que no país asiático esse tipo de crime é  punido com fuzilamento.

Apesar dos apelos da presidente Dilma Roussef e do ex- presidente Lula, o governo indonésio, liderado por Joko Widodo, não recuou em sua decisão. Outro brasileiro, o paranaense Rodrigo Gularte, de 43 anos, também está condenado à morte, por tráfico de drogas e deve ser executado, em aproximadamente dois meses.

A maioria da população da Indonésia é favorável a esse tipo de condenação. O presidente JoKo Widodo assumiu o poder, em outubro de 2014, em meio a um discurso de tolerância zero com traficantes. Muitos indonésios acreditam que as mortes servem para mostrar como o país é rígido no combate ás drogas e  dessa forma, desestimular futuras ações.

Marco Archer era instrutor de voo livre e  queria ter uma segunda chance e voltar ao Brasil. Ele desejava expor seu problema aos jovens que pensam em se envolver com drogas, por meio de seu doloroso exemplo.
 
                                                                                             Foto: Reprodução

Marcos Archer tinha e esperança de voltar ao Brasil

 
 Ele contava com a ajuda do amigo e cineasta Marcos Prado que estava fazendo um documentário sobre a sua história de vida, desde à infância até à prisão na Indonésia e as aflições vivenciadas por lá. O material seria distribuído em escolas, centros de recuperação e onde pudesse ser divulgado, como campanha educativa contra as drogas. O cineasta agora pensa em concluir o trabalho e levar esse projeto adiante.

No Brasil, muito jovens estão acostumados a infringir as leis e não receber punição adequada. Cometem crimes hediondos como sequestros, assassinatos, roubos, dentre outros e se forem menores a pena não pode ultrapassar três anos em uma casa de internação, onde são aplicadas  medidas socioeducativas.

O exemplo de Marco Archer serve para aqueles que não respeitam a própria nação e tem a ingenuidade de pensar que em países estrangeiros as lideranças e as leis serão tão permissivas como as brasileiras. O famoso “jeitinho brasileiro” não funciona lá fora. O respeito deve vir de casa, no caso do Brasil. O país deve reformular suas leis e aplicar punições severas por tráfico e demais crimes, não se levando em conta a idade, mas a gravidade do ato cometido.

O desafio às leis de outra nação culminou no final triste e vergonhoso para nosso país. Para Marco, entrar para a história como o primeiro brasileiro executado no exterior, não é um mérito, mas um desperdício de uma vida, executada por um pouco mais de 13 kg de drogas.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Como é ser jornalista na sociedade contemporânea

                                                                           Fernanda Fernandes Borges    

    
O jornalismo é uma profissão que requer uma formação acadêmica de qualidade, além de senso crítico e ético, evidenciados, para aqueles que desejam se tornar profissionais dignos de confiança, por parte do público.

A contemporaneidade impõe a esse profissional um dinamismo, indispensável ao exercício da profissão. O conhecimento em mídias digitais, redes sociais e a interação com o receptor são imprescindíveis à prática jornalística atual.

A velocidade da circulação de informações, via internet, exige que o jornalista tenha um diferencial para apurar os fatos e escrever algo que o diferencie dos demais. Ao ouvir mais de uma fonte sobre determinado assunto, ele tem condições para escrever um texto de modo mais isento e sensato.

Uma das premissas do jornalismo é a imparcialidade. Infelizmente, nos meios de comunicação, isso é pouco praticado. Os interesses comerciais que pautam as empresas midiáticas se sobrepõem ao interesse público. As notícias são passadas ao receptor, com certa tendência à defesa de um determinado ponto de vista, que geralmente, é daquele que mantém o complexo informacional, por meio das verbas publicitárias.

               A saída para aqueles que não compactuam com essa velha fórmula é o empreendedorismo, ou seja, o jornalista se torna seu próprio patrão e tem liberdade para escrever de modo mais independente em blogs, sites e redes sociais. No entanto, a necessidade de um trabalho que lhe garanta um salário no fim do mês, impede que muitos tenham essa decisão de se tornar autônomos e donos de seus próprios textos.

 
                                                                                    Foto: Fernanda Fernandes Borges

     Jornalista atual é empreendedor e diversifica suas funções

 
A especialização das funções presentes nas redações  jornalísticas, desde os seus primórdios, em que um profissional apura, outro redige, aquele edita e outro publica, não existe para o jornalista contemporâneo. Isso acontece, porque ele tem que saber de tudo um pouco, dominar ferramentas tecnológicas, escrever bem, diagramar, editar, filmar, fotografar, de acordo com as necessidades da empresa ou mesmo suas, caso trabalhe no seu próprio negócio.

A cultura é indispensável para o jornalista. Um bom profissional domina diversos assuntos que variam do erudito ao popular. O comunicador necessita saber sobre as diversas manifestações artísticas e culturais para compreender a sociedade em que vive.

O contato com as pessoas nas ruas, em meio à agitação em que se vive, ainda é uma das melhores formas de compreender as demandas do público por matérias que representem os seus verdadeiros anseios. Qualquer notícia ou reportagem, pode surgir de uma pauta ocasional, apenas pela observação do cotidiano. O diferencial dessa prática está na possibilidade de sair da mesmice e buscar diferentes abordagens para assuntos corriqueiros.

Lidar com informações e transformá-las em textos é um desafio maravilhoso, para aquele ser humano que deseja além de noticiar, promover reflexões em seu público. Este deve ser livre para tirar suas próprias conclusões, em um universo repleto de notícias, que muitas vezes, querem impedir o receptor de utilizar o próprio senso crítico.