Fernanda Fernandes Borges

Fernanda Fernandes Borges

domingo, 25 de janeiro de 2015

A liberdade de expressão e seus conflitos

                                                           Fernanda Fernandes Borges

Todo ser humano deveria ter o direito de  se expressar livremente. Infelizmente, a realidade é outra. O atentado ao jornal francês Charlie Hebdo provou o quanto os profissionais das comunicações estão sujeitos à barbárie de pessoas fanáticas, que se dizem religiosas.

No dia 7 janeiro, a invasão, na sede do jornal europeu, culminou na morte de 12 pessoas, sendo 8 jornalistas, além de 11 que ficaram feridas. A motivação para essa brutalidade seriam as caricaturas do profeta  Maomé que o Charlie Hebdo publicou diversas vezes. Desde 2006, o semanário francês vinha sofrendo ameaças.

Os terroristas ao assassinarem os cartunistas, em meio a uma reunião de pauta, gritaram: “Vingamos o profeta”. Para o Islamismo, reproduções gráficas, como as charges do seu líder, são consideradas blasfêmias.

Três homens foram responsáveis pelo ataque ao Charlie Hebdo: Os irmãos Chérif Kouachi e  Said Kouachi, mortos pela polícia,  e Hamyd Mourad , cunhado de Chérif, que se apresentou às autoridades, alegando inocência no crime.

O episódio suscita uma discussão: “Até que ponto vai a liberdade de expressão de um jornalista e como ele pode utilizá-la sem medo de represálias”?. Essa é uma dúvida que permeia a cabeça de muitos profissionais, desde o início do exercício da profissão.

Em muitos casos, o jornalista ao dizer a verdade em seu texto é advertido, não pela liberdade de expressão, mas pelo fato do tipo de informação ir contra os interesses comerciais do jornal. Ou seja, a notícia deve ser passada de modo estratégico, e não da forma como ela realmente é.

A preponderância de poucas empresas de comunicação no Brasil, impede o uso da liberdade de expressão de modo mais amplo. Os veículos tradicionais, em diversos casos, trabalham as notícias de modo desejado, ou seja, o profissional da informação deve sucumbir seu texto aos moldes de quem o emprega e não de acordo com sua consciência.

Se houvesse mais concessões de rádio, tv  e mais jornais alternativos, a liberdade de expressão, aqui em nosso país, poderia ser mais evidente. Lembrando que o direito de comunicar não deve envolver calúnias ou desrespeito aos personagens retratados.

Enquanto na França, milhares de pessoas saíram às ruas em um protesto contra o ataque ao Charlie Hebdo, no Brasil, a maioria da população não tem noção de como vários jornalistas sofrem ao trabalhar.
 
                                                   Foto: Valery Ache/AFP

Milhares de franceses com cartazes: "Eu sou Charlie"



A questão pode ser cultural. Enquanto fomos colonizados por Portugal, a França tem na sua história a Revolução Francesa. O espírito de luta está presente naquele povo. Ao Brasil, resta suprimir este estigma de “dominado” e reagir perante a realidade mundana. O direito à livre expressão deve ser garantido a todos os profissionais da comunicação e ser usado de modo responsável e coerente.

Se a população brasileira tivesse essa consciência e lutasse ao lado dos comunicadores, teria melhores informações e menos manipulação. Assim, até no universo político, seria mais fácil exigir um decoro de algumas autoridades que se aproveitam dos seus próprios veículos de comunicação para fazerem falsas propagandas de sua conduta.

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário