Todo ser
humano deveria ter o direito de se expressar livremente. Infelizmente, a
realidade é outra. O atentado ao jornal francês Charlie Hebdo provou o quanto
os profissionais das comunicações estão sujeitos à barbárie de pessoas
fanáticas, que se dizem religiosas.
No dia 7
janeiro, a invasão, na sede do jornal europeu, culminou na morte de 12
pessoas, sendo 8 jornalistas, além de 11 que ficaram feridas. A motivação para
essa brutalidade seriam as caricaturas do profeta Maomé que o Charlie Hebdo publicou
diversas vezes. Desde 2006, o semanário francês vinha sofrendo ameaças.
Os
terroristas ao assassinarem os cartunistas, em meio a uma reunião de pauta,
gritaram: “Vingamos o profeta”. Para o Islamismo, reproduções gráficas, como as
charges do seu líder, são consideradas blasfêmias.
Três
homens foram responsáveis pelo ataque ao Charlie Hebdo: Os irmãos Chérif
Kouachi e Said Kouachi, mortos pela polícia, e Hamyd Mourad ,
cunhado de Chérif, que se apresentou às autoridades, alegando inocência no
crime.
O
episódio suscita uma discussão: “Até que ponto vai a liberdade de expressão
de um jornalista e como ele pode utilizá-la sem medo de represálias”?. Essa
é uma dúvida que permeia a cabeça de muitos profissionais, desde o início do
exercício da profissão.
Em muitos
casos, o jornalista ao dizer a verdade em seu texto é advertido, não
pela liberdade de expressão, mas pelo fato do tipo de informação ir contra os
interesses comerciais do jornal. Ou seja, a notícia deve ser passada de modo
estratégico, e não da forma como ela realmente é.
A
preponderância de poucas empresas de comunicação no Brasil, impede o uso da
liberdade de expressão de modo mais amplo. Os veículos tradicionais, em
diversos casos, trabalham as notícias de modo desejado, ou seja,
o profissional da informação deve sucumbir seu texto aos moldes
de quem o emprega e não de acordo com sua consciência.
Se
houvesse mais concessões de rádio, tv e mais jornais alternativos, a
liberdade de expressão, aqui em nosso país, poderia ser mais evidente.
Lembrando que o direito de comunicar não deve envolver calúnias ou
desrespeito aos personagens retratados.
Enquanto
na França, milhares de pessoas saíram às ruas em um protesto contra o ataque ao
Charlie Hebdo, no Brasil, a maioria da população não tem noção de como vários
jornalistas sofrem ao trabalhar.
A questão
pode ser cultural. Enquanto fomos colonizados por Portugal, a França tem na sua
história a Revolução Francesa. O espírito de luta está presente naquele povo.
Ao Brasil, resta suprimir este estigma de “dominado” e reagir perante a
realidade mundana. O direito à livre expressão deve ser garantido a todos os
profissionais da comunicação e ser usado de modo responsável e coerente.
Se a
população brasileira tivesse essa consciência e lutasse ao lado dos
comunicadores, teria melhores informações e menos manipulação. Assim, até no
universo político, seria mais fácil exigir um decoro de algumas autoridades que
se aproveitam dos seus próprios veículos de comunicação para fazerem falsas
propagandas de sua conduta.
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