Fernanda Fernandes Borges
O empréstimo consignado permite que o desconto da
prestação seja feito diretamente na folha de pagamento ou do benefício de quem o solicita. Isso é
realizado com a autorização prévia do cliente á instituição financeira. No último dia 22, a presidente Dilma
Roussef vetou o aumento do limite de crédito consignado de 30% para 40%.
Dilma justificou a medida por acreditar que essa elevação
comprometeria a renda das famílias, acarretaria mais endividamento e prejudicaria o
controle da inflação. O aumento estava previsto na Medida Provisória 661/14 e
foi aprovado na Câmara, no dia 9 de abril, deste ano e no Senado, no dia 29 de
abril.
Atualmente, as empresas já podem reter 10% do salário dos
trabalhadores para repor gastos com plano de saúde, remédios e previdência
privada. Se o novo limite do crédito consignado fosse sancionado pela
presidente, o percentual do desconto poderia ser de 50% na renda do empregado,
se ele optasse por esse tipo de empréstimo, em alguma instituição bancária.
Essa modalidade de empréstimo apresenta certas
facilidades que podem atrair os endividados: não há consulta ao Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) e ao Serasa; os
juros são mais baixos que outros tipos de empréstimos; atende os trabalhadores
públicos e privados na ativa; aposentados e pensionistas. Geralmente, é
muito rentável para os bancos, pois a inadimplência é quase nula.
Foto: ReproduçãoO empréstimo consignado pode comprometer negativamente a renda do trabalhador |
Segundo dados do Banco Central, em março de 2015, o estoque de crédito
consignado no sistema financeiro chegou a R$ 259 bilhões, mostrando um
crescimento de 13%, nos últimos 12 meses.
Até o dia 7 de maio deste ano, os contratos já somavam R$
22 bilhões. Em Minas Gerais, o valor era de R$ 2,3 bilhões. Os aposentados e os
pensionistas representam o público preferido dos bancos.
O
cliente deve ter em mente que o
empréstimo consignado só deve ser feito, se for para trocar os juros altos de
uma dívida já existente, por exemplo do cheque especial e do cartão de crédito,
por juros mais baixos. Não se deve
utilizar o crédito consignado, jamais, para contrair novas dívidas.
A facilidade do depósito na conta do consumidor pode
levá-lo a fazer mais de um empréstimo consignado, em instituições financeiras
diferentes. Há também bancos que não respeitam o limite de 30% no desconto na
folha de pagamento e promovem descontos maiores, tentando burlar a lei.
Isso é totalmente prejudicial ao trabalhador, porque
compromete sua renda e ele não consegue pagar as contas básicas da casa como:
luz, telefone e água. Por isso, a cautela com essa modalidade de empréstimo
deve ser grande.
Os problemas financeiros trazem danos para o psíquico de
que os enfrenta e pode prejudicar até o seu desempenho no trabalho. A pessoa
fica preocupada em como saldar suas dívidas e pode entrar até em depressão,
além do grande estresse, vivenciado para saldar as contas.
A presidente Dilma Roussef acertou ao vetar esse aumento
no limite de crédito e coibir novas
dívidas, evitando assim mais inadimplência. A insensatez de deputados e senadores
favoráveis a essa medida, demonstra mais uma vez o despreparo desses “senhores e senhoras” para o exercício
da vida pública e sua insensibilidade quanto às questões financeiras das famílias
brasileiras.