Fernanda Fernandes Borges

Fernanda Fernandes Borges

segunda-feira, 11 de maio de 2015

Rodrigo Gularte foi executado na Indonésia



                        Fernanda Fernandes Borges

 

A esquizofrenia diagnosticada por dois médicos, no ano passado, não salvou o brasileiro Rodrigo Muxfeldt Gularte, de 42 anos, do fuzilamento, no dia 28 de abril, ocorrido em uma prisão de Nusakambagan, no centro de Java, na Indonésia.
 
                                                                                                                                 Foto: Reuters

Rodrigo Gularte havia sido diagnosticado com esquizofrenia

 

O país asiático tem sido intolerável com o crime de tráfico de drogas e voltou a realizar execuções em 2013, cinco anos após uma pausa.

O paranaense Rodrigo Gularte foi flagrado com dois amigos, em julho de 2004, com 6 Kg de cocaína, escondidos em pranchas de surfe, no aeroporto de Jacarta.  O brasileiro afirmou que a droga era dele e por isso os dois colegas ficaram livres. Rodrigo foi condenado à morte por tráfico de drogas, em 2005.

A execução foi feita por um pelotão com 12 atiradores, para cada condenado. Foram mortos, além de Rodrigo, dois australianos, quatro nigerianos e um indonésio. A filipina Mary Jane Veloso estava condenada e teve sua morte adiada, porque a pessoa que a teria recrutado para os transportes de drogas se apresentou á justiça.

O governo brasileiro lamentou o episódio com “profunda consternação”. A presidente Dilma Roussef havia pedido ao presidente indonésio Joko Widodo, através de uma carta, a suspensão da morte do brasileiro, devido aos seus problemas psiquiátricos. Infelizmente, o pedido não foi acatado.

Segundo a família de Gularte, ele passava os dias na prisão falando às paredes, ouvindo vozes e tendo delírios. A prima dele Angelita Muxfeldt que estava na ilha, no momento da execução, disse que o primo não tinha noção de que seria morto.

Os parentes sempre tentaram provar a esquizofrenia de Rodrigo e justificar o transporte da droga para Indonésia como um aliciamento de outros traficantes que se aproveitaram da debilidade mental do brasileiro, para torná-lo uma presa fácil.

As relações entre Brasil e Indonésia ficaram estremecidas, desde janeiro deste ano, quando outro brasileiro foi executado pelo mesmo crime. O carioca Marco Archer Cardoso Moreira, de 53 anos, também não foi perdoado pelo tráfico de drogas.

A presidente Dilma Roussef adiou o recebimento do novo embaixador da Indonésia, em fevereiro deste ano, para reavaliar a situação bilateral entre os dois países. Atualmente, a embaixada do Brasil na Indonésia está sendo representada, interinamente, por Leonardo Monteiro, encarregado de negócios da chancelaria indonésia.

É lamentável tomar conhecimento de mais uma morte de um brasileiro, devido ao tráfico de drogas. O que será que leva uma pessoa a tentar desafiar as leis de outro país? Seria a mania de pensar que as outras nações serão benevolentes com seus atos, como o Brasil, muitas vezes, é?

O que se deve ter em mente é que a legislação de qualquer nação deve ser respeitada e que o fuzilamento será inevitável, caso alguém ainda insista em entrar com drogas na Indonésia. O governo brasileiro se esforçou, para livrar os dois brasileiros da morte, mas não obteve êxito.

Os pais devem deixar claro para os filhos que o caminho das drogas é sem volta e sem futuro. Ou a pessoa termina presa ou é morta, mesmo em países em que não existe a pena de morte, os traficantes acabam com a vida de “quem sabe demais”.

Quem padece é a família. E o Brasil mais uma vez se destaca na esfera internacional, por meio de uma história depreciativa. É hora de se mudar esse paradigma que parece ser uma fórmula de repetição de notícias trágicas e desmoralizantes. Seria uma satisfação enorme se o país fosse notícia pela sua cultura diversificada ou pelo tão sonhado progresso em distintas áreas.

O corpo de Rodrigo Gularte chegou ao Brasil na madrugada de domingo, dia 3 de maio, para ser enterrado em Curitiba. Esse era o desejo do brasileiro. Ele também havia pedido à família em encontros anteriores, que fizesse campanhas contra a pena de morte, caso ele fosse executado. Infelizmente o pior aconteceu.  Que isso sirva de exemplo para outras pessoas, não cometerem o mesmo erro.

 

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