Fernanda Fernandes Borges
Célia Fernandes Borges
é professora e trabalhou por 25 anos, dedicando seu tempo ao aprendizado de
diversas crianças. Nessa conversa, conta
sobre sua experiência como educadora e dá dicas de como deve ser a
relação entre professores e alunos na sala de aula. Também incentiva os colegas
de profissão a persistirem sempre, e a lutarem pela qualidade do ensino.
Foto: Fernanda Fernandes BorgesCélia Fernandes Borges fala sobre diversos assuntos relacionados á educação |
Clique nos links abaixo e ouça a entrevista e o agradecimento na íntegra:
I
Ouça aqui - Entrevista com a educadora Célia Fernandes Borges.mp3
Ouça aqui - Agradecimento.mp3
1) Fale um pouco sobre sua trajetória profissional.
Minha formação como Professora Primária se deu no ano de
1968. Em 1969, trabalhei em uma escola do povoado de Cláudio, denominado
Rocinha, substituindo uma professora por 4 meses, que havia se afastado, por motivo de doença.
Em 1970, trabalhei durante todo o ano, no Distrito de Monsenhor João Alexandre,
da cidade de Cláudio, lecionando para alunos da 3 ª série primária.
Já a partir de 1971, comecei a dar aulas na "Escola
Estadual Coronel Joaquim da Silva Guimarães", na qual entrei, porque havia prestado um concurso público e
fui designada para trabalhar com alunos da 3ª série primária.
Permaneci nessa instituição por 23 anos, onde me
aposentei no ano de 1994.
2) Ser professora, sempre foi o seu objetivo profissional?
Sim
apesar de que em minha cidade (Cláudio) não havia formação para o Magistério, o
que dificultava a realização desse sonho, para muitas pessoas. Porém, graças ao
meu pai que tinha condição financeira, mudei para Belo Horizonte no ano de 1966
e me matriculei no “Colégio imaculada
Conceição”, onde realizei meu Curso de Formação para Professores, atingindo
assim, meu objetivo de ser uma Profissional da Educação.
Foto: Arquivo PessoalA educadora no tempo em que era estudante |
3) Como avalia a Educação Contemporânea?
No meu ponto de vista, com o conhecimento
que adquiri ao longo dos anos, deixa muito a desejar. Falta interesse por parte
de alguns alunos e também de professores em realizar um trabalho de qualidade,
para que haja reconhecimento da sociedade.
Infelizmente, em nosso país, o poder público não investe
o necessário na Educação. Em muitas
escolas, a falta de infraestrutura não permite que o ensino atenda com
dignidade alunos e professores. O Brasil, ainda remunera muito mal seus
educadores, o que reflete, muitas vezes,
na má qualidade do ensino.
Apesar das dificuldades enfrentadas por ambas as partes
(professores e alunos), ainda há profissionais que se dedicam a realizar suas
funções com bom desempenho e também estudantes ávidos pelo saber.
Tudo isso, contribui para que haja uma esperança, no futuro,
de que dias melhores estão por vir.
4) Por que, em sua opinião, o professor não é valorizado no
Brasil?
É
uma falta de cultura, por parte de nossos governantes, que ainda não entenderam
que qualquer profissional passa pela escola primária, que é a base de formação para qualquer
cidadão. Ao contrário dos Estados Unidos e de alguns países europeus, em que o
professor primário é bastante valorizado, aqui no Brasil, é o que tem menor
remuneração.
É
lamentável que essa ideologia da não valorização do educador, atinja todos os
níveis do ensino, devido á falta de vontade da classe política, que nada faz
para reverter essa situação que é vexatória para a nação brasileira.
5) Atualmente, acontecem muitas agressões de alunos a
professores. O que pensa sobre isso?
É algo que
não deveria, jamais acontecer. O aluno
deve estar consciente de que o professor é um líder, dentro da sala de aula e
merece ser respeitado, pois sua missão é passar seu conhecimento, a fim de
acompanhar o progresso de cada estudante.
Os pais devem orientar seus filhos a serem disciplinados
no ambiente escolar e principalmente, exigir que respeitem seus professores e
as demais pessoas que trabalham na instituição.
Foto: Fernanda Fernandes BorgesAinda falta muito a ser feito pelos professores brasileiros, diz Célia |
6) De que forma deve ser a relação entre professor e aluno na
sala de aula?
Deve ser uma relação amigável, em que cada parte esteja
disposta a entender a necessidade do outro. O professor deve estar sempre
disposto a auxiliar os estudantes em qualquer dificuldade, no aprendizado ou no
convívio com os colegas.
O aluno, por sua vez, deve estar ciente de que sua função
na sala de aula é contribuir com disciplina e dedicação, na realização de suas
tarefas, para o bom andamento nos estudos.
Havendo uma cooperação mútua, tudo sairá melhor, com a
certeza de que o dever foi cumprido.
7) Qual é o seu conselho para lidar com alunos que aparentam
ter uma difícil personalidade?
Inicialmente, o
professor sempre deve conhecer muito bem os alunos com os quais trabalha. Ao
notar qualquer anormalidade com o estudante, os pais deverão ser comunicados e
orientados a procurar auxílio dentro da própria escola, com a colaboração de
outros profissionais.
Não sendo suficiente, aconselha-se que esses pais
procurem orientação de um médico ou psicólogo que lhes darão dicas e estratégias, a serem compartilhadas com os
professores, para lidar com personalidades tão peculiares.
8) A Internet colaborou para o aprimoramento da Educação?
Em parte sim. Tem que haver muita segurança,
em lidar com essa tecnologia que tanto pode agregar conhecimentos, como destruir
valores e conceitos já adquiridos.
Atualmente, os estudantes têm a oportunidade de realizar
diversas pesquisas de uma maneira fácil, o que lhes propicia um maior
aprendizado.
No entanto, o uso deve ser dosado, pois em demasia,
poderá ser prejudicial ao indivíduo que pode acessar conteúdos que em nada
contribuirão para o seu desenvolvimento intelectual.
9) Você foi professora
de sua filha que hoje é jornalista. Como se sente tendo contribuído para a
formação de uma profissional que deve priorizar sempre a imparcialidade e a
ética, ao transmitir informações ?
Sinto-me
orgulhosa, com a sensação de dever cumprido. Além da educação recebida em casa,
eu como professora, continuei orientando-a,
para perseguir seus sonhos,
mantendo a disciplina e o respeito aos seus semelhantes, indiferente á raça,
credo ou classe social.
Desejo que ela tenha cada vez mais sucesso na carreira
jornalística e que sempre realize seus projetos profissionais e pessoais.
Como jornalista, espero que sempre contribua com matérias
que sejam de total interesse da sociedade, despertando assim, nas pessoas, a
atenção e o senso crítico para a realidade dos fatos.
Foto: Fernanda Fernandes BorgesCélia e sua filha e ex- aluna, a jornalista Fernanda Fernandes Borges |
10) Deixe uma mensagem
de incentivo aos seus colegas de profissão.
Que nunca desanimem de buscar seus ideais,
lutando sempre, vencendo barreiras, com
a certeza de que sairão vitoriosos.
Nada é mais gratificante do que transmitir qualquer
conhecimento, ao seu semelhante. Isso
deve estar acima da questão financeira e de qualquer outro problema enfrentado
na escola.
O amor do professor á profissão é o que o impulsiona a
manter a chama do conhecimento viva, em cada ser humano.
Não desistam dessa árdua missão que Deus lhes confiou e
sejam sempre muito felizes.
Deem sempre muita atenção ás diferenças individuais.
Vocês só terão a ganhar com isso, pois a recompensa é maravilhosa.
Pensem nisso !
Agradecimento:
Realizar essa
entrevista com a professora Célia Fernandes Borges foi uma experiência
maravilhosa. Além de ser minha mãe, essa dedicada profissional foi minha
professora na 3ª série primária, no ano de 1993.
Com certeza, foi a
melhor professora que tive, não por ser a minha mãe, mas por ter
qualidades raramente, encontradas em qualquer
professor. Os seus ensinamentos foram valiosos não só para mim, como
para qualquer aluno que teve a oportunidade de aprender com ela.
Foto: Fernanda Fernandes BorgesPara Fernanda, sua melhor professora |
É por isso, que até
hoje muitos alunos se lembram dela com carinho e são gratos por terem tido a
experiência das aulas como uma professora inteligente, carinhosa e dedicada.
Ser professor é antes
de tudo respeitar os seus alunos e ajudá-los a sanar qualquer dificuldade. Um
professor não precisa utilizar-se de gestos violentos ou abomináveis, para
dominar uma classe, como acontece em vários locais, pois isso apenas demonstra
um grande despreparo profissional e psicológico.
Saber extrair o melhor
de seus alunos e incentivá-los a buscar seus ideais, sempre foram objetivos da excelente educadora
Célia Fernandes Borges.
Sempre se soube que o amor maternal não tem limites, salvo honrosas exeções, agora, sabemos também que o amor filial pode ter igual peso e estatura. Esta entrevista da jornalista, Fernanda Borges, deixa em evidência inequívoca, o exemplo desse amor filial, ao entrevistar sua própria mãe, dando a ela o devido destaque como educadora e professora, ensejando o que há de mais belo e sublime numa mulher, "mãe e mestra". Parabéns, Fernanda, saiba que o reconhecimento é quase um Don, feliz dos filhos que reconhecem o esforço dos pais. Linda lição e, que o amor filial ultrapasse todos os limites.
ResponderExcluirMuito obrigada pelas belas palavras José Ulisses. É um privilégio ter amigos e leitores como você, inteligentes e ótimos exemplos para toda a sociedade.
ExcluirEXCELENTE ENTREVISTA!!! Muito interessante !!!
ExcluirCláudio muito obrigada pelo carinho. Ter você como amigo é um grande privilégio, pois além de inteligente é um profissional com grandes talentos que enriquece qualquer discussão.
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