Fernanda Fernandes Borges
No dia 12 de março de 2015, o 2° Encontro Nacional pelo Direito à Comunicação iniciou seus trabalhos com esquetes teatrais. O
dicionário e os seus inúmeros significados; uma crítica á forma como o rádio se
comunica com o seu ouvinte; os relacionamentos humanos em diversos sentidos e a
briga para saber quem é mais importante: a
fala ou escrita? Esses foram os temas abordados que levaram a plateia a
refletir sobre os problemas enfrentados ao se tentar comunicar, nos dias de
hoje.
Inúmeras palavras foram ditas e os seus respectivos significados. Com
certeza nessa brincadeira teatral, muitas pessoas ali presentes nunca tinham
ouvido aqueles vocábulos. Isso demonstra, por meio da encenação que muitas
vezes, os receptores dos meios de comunicação, podem não compreender o que está
sendo veiculado e por isso não têm chance de ter uma opinião crítica sobre o
assunto tratado.
Foto: Fernanda Fernandes BorgesO teatro abriu o encontro de domingo do 2º ENDC |
O ouvinte tenta conversar com o rádio, mas ele não
responde. Essa temática tratada na segunda esquete, mostrou como os veículos de comunicação são
muitas vezes unilaterais, querem passar o seu ponto de vista e não permitem uma
interação maior com os seus receptores. Não desejam que ele tenha opinião
própria, pois desejam disseminar aquilo que julgam ser a forma correta de como
as pessoas têm que agir e pensar.
Foto: Fernanda Fernandes BorgesEsquete discutiu o papel do rádio |
Os relacionamentos foram abordados de maneiras distintas.
Enquanto um jovem relatava o seu encantamento por uma garota, outro falava de
sua paixão pelas coisas e não por pessoas. Esse distanciamento se assemelha ao
processo comunicativo que em muitos casos passa uma visão distorcida sobre
determinado fato e causa interpretações muito diferentes da realidade.
Foto: Fernanda Fernandes BorgesAs distintos formas de interpretar uma realidade |
A última esquete abordou de modo convincente as
diferenças entre a fala, a escrita, o surgimento do cinema e a tecnologia
multimídia. Enquanto a fala discutia com a escrita, para saber quem era a mais
importante, o cinema se vangloriava por utilizar as duas. A evolução multimídia
amarrou: fala, escrita e cinema e afirmou que veio para englobar tudo que
existia.
Foto: Fernanda Fernandes BorgesDiscussão entre fala e escrita para saber quem era mais importante |
Foto: Fernanda Fernandes BorgesA fala, o cinema e a escrita interagiram |
Os atores ficaram andando em círculos, amarrados,
demonstrando que apesar do excesso de informações transmitidas no mundo
contemporâneo, com o advento da internet, isso, muitas vezes, deixam as pessoas
perdidas, sem saber o que é verdade ou mentira.
Foto: Fernanda Fernandes BorgesA tecnologia multimídia amarrou todos |
As pessoas usam as redes sociais, mas na maioria dos
casos não buscam informações e somente interações. Uma pessoa mal informada não
pode participar da construção de um país mais justo e desenvolvido, porque está
alienada da realidade em que está inserida.
O teatro foi algo inovador e reflexivo que levou à
plateia ao encantamento por sua graça e profundidade ao tratar dos temas
relacionados á comunicação. Por meio da arte, foi possível refletir sobre o
quanto somos tratados como “imbecis”
por alguns veículos de comunicação que pensam que podem manipular a opinião de
seus receptores.
Foto: Fernanda Fernandes BorgesOs participantes do 2° ENDC prestigiaram as esquetes |
Por isso, é indispensável debates sobre a comunicação
brasileira para se pensar em estratégias que possam combater os grandes
monopólios midiáticos, para se construir políticas públicas que visem dar
notoriedade para muitos “excluídos” da
sociedade.
A realidade deve ser passada como realmente é, e não maquiada para se atender aos interesses
comerciais e promover grandes lucros para os empresários. Os meios de
comunicação devem servir para informar e entreter o público de modo
inteligente, não de modo coercitivo e com um único ponto de vista. A pluralidade
de vozes se faz necessária para um debate democrático sobre o Brasil em que
vivemos, para construirmos uma sociedade mais inteligente e participativa.