Fernanda Fernandes Borges

Fernanda Fernandes Borges

segunda-feira, 13 de abril de 2015

2º ENDC reúne público de todos os estados brasileiros

                                                                  

                                                                                         Fernanda Fernandes Borges



O 2º Encontro Nacional pelo Direito à Comunicação, promovido pelo Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), ocorrido em Belo Horizonte, no Instituto Isabela Hendrix, nos dias 10, 11 e 12 de abril contou com cerca de 700 pessoas de várias partes do país. Todos os estados da federação estavam representados. O objetivo era promover uma discussão sobre temáticas importantes da comunicação, junto de diversos movimentos que lutam por uma mídia mais democrática, através da implementação de políticas públicas.
 
 

                                                                                Foto: Fernanda Fernandes Borges

Participantes lotaram o teatro


 

Uma encenação ocorrida no sábado, dia 11, iniciou os debates daquele dia. Ao mostrar que muitos assuntos que não interessam aos grandes grupos midiáticos, não saem nos noticiários foi possível perceber o enorme desafio da comunicação brasileira. Os sem – terras, as mulheres que fazem aborto clandestino, o jornalista censurado por escrever uma matéria e outros personagens, muitas vezes marginalizados, pelos meios de comunicação, foram lembrados nesse teatro como a “dor que não sai no jornal”.
 
 
                                                                                                   Foto: Fernanda Fernandes Borges

Encenações mostraram o que não sai na mídia


 
 
As discussões daquela manhã começaram, lembrando ao público que o estado de Minas Gerais passou por um processo de censura velada, nas comunicações, nos últimos 12 anos. Ressalta-se que a democratização da informação serve também para garantir a democracia do país. Uma nação desenvolvida,  geralmente possui um sistema público de disseminação de informações forte.
 
 
                                                                                                    Foto: Fernanda Fernandes Borges

 

Discussões mostram a importância da liberdade de expressão


 
 
Alguns representantes de movimentos sociais em prol da comunicação enfatizaram que a grande mídia nacional mantém um processo explorador sobre os trabalhadores e que aquela era a hora de o povo ter voz e vez. Houve críticas à Lei de Imprensa existente no Brasil, por ela ter sido criada em 1967. O destaque era a liberdade de expressão já que ela é considerada uma pauta do movimento sindical para se construir uma democracia e uma diversidade.

A 1ª Conferência contou com Toby Mendel (canadense) consultor da Unesco e diretor-executivo do Centro de Direitos e Democracia; Martin Becerra (argentino) professor e pesquisador da Universidade de Buenos Aires e Universidade Nacional de Quilmes; João Bosco – Procurador da República, representado o Ministério Público Federal; Emiliano José – Secretário de Serviços de Comunicação Eletrônica, representou o ministro de Estado das Comunicações Ricardo Berzoini e Rosane Bertotti – coodernadora – geral do Fórum Nacional pelo Direito à Comunicação (FNDC).
 
 
                                                                                                  Foto: Fernanda Fernandes Borges

O professor canadense Tobel Mendel discursou


 
 
 
 
Foto: Fernanda Fernandes Borges

O Procurador Federal João Bosco falou dos desafios da Comunicação

 

 

 

 
                                                                                                   Foto: Fernanda Fernandes Borges

O Secretário Emiliano José representou o ministro Ricardo Berzoini

 

A ausência do Ministro Berzoini foi criticada pelos participantes. Emiliano José que o representou tentou se desculpar e disse que o Ministro teve compromissos urgentes e inadiáveis. O professor argentino Martín Becerra destacou em sua fala que a liberdade de expressão é um direito humano e social e não deve pertencer apenas às emissoras. Ele destacou que a regulação dos meios não deve ser apenas uma lei, mas uma consciência social e política.

O Procurador da República João Bosco definiu a liberdade de expressão como um direito á informação verdadeira, uma notícia, não uma opinião. Ele reafirmou que oligopólios e monopólios de veículos de comunicação são prejudiciais à liberdade de se expressar e confessou que toda vez que há uma proposta de regulamentar a mídia, a Abert (Associação Brasileira de  Emissoras de Rádio e Televisão) já considera uma “Censura”. Devido a esse impasse, o Marco Regulatório das Comunicações, no país, tem sérias dificuldades para ser implantado.
 
 
                                                                                               Foto: Fernanda Fernandes Borges


João Bosco enfatizou o desafio de um marco regulatório das comunicações

 

O Secretário de Serviços de Comunicação Eletrônica Emiliano José abriu seu discurso, discordando do professor Tobel. “Eu não acredito em autorregulação da mídia brasileira por si mesma, como disse o professor Tobel”, falou. “É o estado de direito que tem que criar os mecanismos de regulação”, completou. Emiliano citou os Estados Unidos como um país com a regulamentação mais avançada que a brasileira e destacou que a Inglaterra também é rigorosa com os jornais impressos.

“O que queremos é a regulamentação através dos elementos constitucionais já existentes. Nossa TV  faz programas diários que ofendem algumas classes e estimulam a violência. O sistema audiovisual é uma concessão pública, mas age como se não tivesse que dar satisfações aos dispositivos constitucionais”, disse Emiliano.
 
 
                                                                                    Foto: Fernanda Fernandes Borges

Emiliano José falou de incoerências no uso das concessões

 
 

A coodernadora do FNDC Rosane Bertotti lembrou que essa luta é árdua e o 2º ENDC é um momento importante para a discussão desse processo.

A exposição dos pontos de vista desses convidados elucidou bastante o caminho de luta a ser trilhado, caso o Brasil deseje promover uma comunicação mais democrática. Lamentável foi a ausência de Berzoini, pois esse debate era fundamental para agilizar as sonhadas modificações nas comunicações.

A plenária lotada pôde sugerir  atitudes a serem tomadas daqui para frente:

- Revogar as concessões de rádio e tv de deputados e senadores;

- Universalizar a banda larga;

- Fiscalizar as emissoras tradicionais;

- A criação de uma lei que anistie blogueiros e profissionais da comunicação de pagar multas eleitorais;

- Menos perseguição às rádios comunitárias e mais apoio nas liberações de suas concessões;
 
 
 
Foto: Fernanda Fernandes Borges


Plateia sugeriu mudanças no rumo das comunicações brasileiras


 
 
Foram sugestões válidas, feitas diante de representantes do governo federal com o objetivo de agilizar o processo de democratizar o sistema de Comunicação Social país. A presença de profissionais estrangeiros enriqueceu o debate e serviu para mostrar caminhos para esse longo processo.

 

 

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