Fernanda Fernandes Borges

Fernanda Fernandes Borges

segunda-feira, 20 de abril de 2015

O Projeto de Lei de Mídia Democrática suscita discussão


            Fernanda Fernandes Borges


No dia 12 de abril, o 2° Encontro Nacional pelo Direito à Comunicação discutiu em seu último debate a necessidade da criação de uma lei por uma comunicação mais democrática. O projeto de lei já existe e foi criado, juntamente com a participação da sociedade.

Deve haver uma diversidade de lutas para se exigir um marco regulatório das comunicações. Não se trata apenas de coletar assinaturas, mas sim da realização de debates. Quem estava presente no encontro foi orientado a divulgar o máximo possível, esses propósitos de uma comunicação mais democrática, pois sem isso é quase impossível ter uma democracia concretizada em nosso país.
 
                                                                                                                       Foto: Reprodução

Participantes foram conscientizados sobre a necessidade de luta por uma comunicação plural

 

A nova Lei proposta será aplicada apenas no meios de comunicação eletrônica: canais abertos de TV, rádio e TV por assinatura. Entre os objetivos da Lei da Mídia Democrática, destacam-se:

- Ampliar a liberdade de expressão  e opinião;

-Promover a cultura nacional;

- Incentivar a diversidade regional e combater o preconceito;

- Garantir os direitos do espectador;

- Haver um equilíbrio entre a existência de canais privados, públicos e estatais;

- Proteger as crianças e adolescentes;

- Destinar 33% das concessões de rádio e TV ao sistema público, sendo metade dessas para canais comunitários;

- Utilizar 25% do Imposto de Renda para financiar o Sistema Público de Comunicação;

- Proibir o arrendamento de horários e transferências de concessões;

- Ninguém poderá ter mais que 5 canais de TV;

- Não poderá haver censura prévia;

- O Conselho Nacional de Política de Comunicação vai fiscalizar e garantir mais vozes nos meios de comunicação de massa;
 
                                                                                               Foto: Fernanda Fernandes Borges

Projeto de Lei propõe uma mídia mais democrática

 

Esse projeto de Lei de Iniciativa Popular da Mídia Democrática também conhecido como (PLIP) tem 33 artigos e delineia um novo cenário para a comunicação no país. Após a exposição desse projeto, houve a apresentação da Carta de Belo Horizonte. Acompanhe abaixo a íntegra do documento:

 

CARTA DE BELO HORIZONTE

REGULA JÁ! POR MAIS DEMOCRACIA E MAIS DIREITOS

 

Nós, ativistas pelo direito à comunicação, militantes das mais variadas organizações do movimento social brasileiro (sindical, juventude, cultural, estudantil, moradia, do campo e da cidade, mulheres, negros, LGBT, meio ambiente, academia, ativistas digitais, trabalhadores da comunicação etc.), presentes em Belo Horizonte no 2º Encontro Nacional pelo Direito à Comunicação, organizado pelo Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação, que reuniu quase 700 pessoas vindas das cinco regiões do país, demos mais uma demonstração de força e unidade do nosso movimento. Durante três dias debatemos propostas e projetos, trocamos experiências e construímos coletivamente uma estratégia comum de luta pela democratização da comunicação.

A defesa da democracia é uma das principais bandeiras de luta da sociedade brasileira. E a construção de uma sociedade efetivamente democrática só se realiza se houver liberdade de expressão para todos e todas, o que pressupõe a garantia do direito à comunicação. Reafirmamos, nesse sentido, que o Brasil precisa enfrentar o desafio de atualizar os instrumentos de regulação democrática dos meios de comunicação. Nos mantemos mobilizados, nas ruas e redes, para exigir que o governo cumpra o seu compromisso de abrir publicamente esse debate com a sociedade.

Em um momento em que o povo brasileiro e suas instituições democráticas enfrentam uma conjuntura política e econômica adversa, mais do que nunca, levantamos a bandeira: Regula Já! Por mais diversidade e pluralidade de vozes na mídia. 

A direita brasileira derrotada nas eleições presidenciais sai às ruas defendendo a quebra da legalidade democrática. Nesse cenário, a mídia privada manipula a informação, distorce os fatos, fabrica crises, invisibiliza temas e criminaliza movimentos e atores sociais progressistas. O principal porta-voz desse discurso – a Rede Globo de Televisão – completa 50 anos em abril dando provas da sua falta de compromisso com o interesse público e com a democracia.

O Congresso Nacional, o mais conservador desde a ditadura militar, tem mostrado que a agenda da direita (redução de direitos trabalhistas, sociais, ataque aos direitos humanos) dará a tônica da atividade legislativa. O próprio presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, afirmou que qualquer projeto de regulação dos meios de comunicação só será encaminhado para votação por cima do seu cadáver. Nesta mesma linha, o Poder Judiciário continua agindo de forma seletiva e parcial, refratário à agenda da democratização da comunicação, blindado pela caixa preta de sua estrutura institucional inquestionável.

A Presidenta Dilma Rousseff – que só foi eleita porque assumiu o compromisso de adotar políticas que aprofundassem direitos sociais e democráticos, com uma plataforma de reformas estruturais – dá sinais contraditórios de que essa agenda será aplicada.

Neste cenário, é preciso buscar uma ampla unidade dos movimentos sociais para barrar a direita e pressionar o governo, exigindo o cumprimento dos compromissos firmados. Lutas de cunho democrático, como a Reforma Política com o fim do financiamento empresarial das campanhas; a taxação de grandes fortunas; a defesa da Petrobrás; o combate às terceirizações; contra a redução da maioridade penal; em defesa dos direitos dos indígenas; do meio ambiente; contra o extermínio da juventude negra; pela reforma agrária e urbana; pelos 10% do PIB para a educação e a defesa do SUS, precisam ser abraçadas pelo conjunto dos movimentos populares, entre eles o da comunicação. Nossa luta é por Mais Democracia e Mais Direitos!

No campo da comunicação, os desafios são ainda maiores, já que nos últimos 12 anos o governo não enfrentou essa pauta de forma estruturante. As importantes conquistas que foram a criação da EBC, a aprovação das leis de Acesso à Informação, regulação da TV por Assinatura (SeAc) e o Marco Civil da Internet, só foram possíveis em função da intensa mobilização social. No restante, o sistema permanece praticamente inalterado, caracterizado por uma forte concentração econômica e ausência de diversidade e pluralidade. O Capítulo V da Constituição Federal de 1988, da Comunicação Social, segue sem a regulamentação que garanta a sua aplicação. E a principal legislação da radiodifusão, o Código Brasileiro de Telecomunicações, já tem mais de 50 anos.

O novo ingrediente desse cenário é que a Presidenta Dilma Rousseff e o ministro das Comunicações, Ricardo Berzoini, têm dado declarações públicas de que a pauta da regulação dos meios de comunicação será tratada neste mandato. É imperativo cobrar que esse discurso seja transformado em prática. De outro lado, o setor empresarial segue na sua cruzada para impedir que esse debate aconteça. Continua usando a mesma e velha tática de distorcer essa discussão, tachando qualquer tipo de regulação como censura.

Por isso, é indispensável ampliar a mobilização e pressão da sociedade para destravar esta agenda. Desde a 1ª Conferência Nacional de Comunicação, temos ampliado a base social e consolidado propostas para um novo marco regulatório das comunicações. A principal delas é o Projeto de Lei de Iniciativa Popular da Mídia Democrática, que em 33 artigos delineia um novo cenário para a comunicação no país. Inspirada nos tratados internacionais já ratificados pelo Brasil e em experiências regulatórias de países como França, Inglaterra, Estados Unidos, Portugal, Espanha e outros, a Lei da Mídia Democrática propõe mecanismos de implementação dos dispositivos constitucionais. Durante o 2º ENDC, reafirmamos essas propostas e a importância da estratégia de luta em torno da Lei da Mídia Democrática com a presença de convidados internacionais vindos do Canadá, Argentina e Uruguai.

O trabalho de coleta de assinaturas para a Lei da Mídia Democrática e a divulgação de seu conteúdo para setores mais amplos da sociedade devem ser intensificados. Mas, além disso, precisamos avançar também em outras frentes, como o fortalecimento do sistema público de comunicação; o fim da criminalização das rádios comunitárias e da mídia popular e alternativa (do campo e da cidade), com a criação de mecanismos para incentivar e fomentar a sua valorização; a universalização da Banda Larga; a garantia do respeito ao Marco Civil da Internet; a implantação dos Canais da Cidadania; a criação dos Conselhos de Comunicação nas três esferas da Federação; a defesa da Classificação Indicativa; o respeito aos direitos humanos nos meios de comunicação; a defesa do direito de resposta; o fim das concessões para os políticos; o combate ao arrendamento e transferência ilegal das outorgas; a democratização da distribuição das verbas publicitárias; mecanismos de incentivo à produção regional e independente (retomada da campanha Quero Me Ver na TV); o fortalecimento de políticas para a promoção da diversidade cultural e informativa (pontos de cultura e pontos de mídia livre) e de educação para a mídia; a defesa do software livre. Enfim, um conjunto de medidas urgentes que desde já podem ampliar o Direito à Comunicação e a verdadeira Liberdade de Expressão para todos e todas em nosso país. Todas as vozes, todas as cores, todas as ideias!

O Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) e demais entidades que participaram do 2º Encontro Nacional pelo Direito à Comunicação convocam todos e todas comprometidos com essas bandeiras a se juntarem a nós nessa luta.

Não haverá uma verdadeira democracia em nosso país sem uma comunicação democrática.

Regula Já!

 

Belo Horizonte, 12 de abril de 2015

                                                                                                     Foto: Fernanda Fernandes Borges

Carta Belo Horizonte foi apresentada ao público

 

O documento pede mais democracia e mais direitos, já que o sistema atual tem forte concentração econômica e ausência de diversidade e pluralidade. O setor empresarial sempre que se sente ameaçado com a regulamentação dos meios de comunicação, usam a  desculpa da “censura”.

O 2° Encontro Nacional pelo Direito à Comunicação discutiu temas importantes sob a perspectiva da comunicação como um direito humano. Estabeleceu redes e fortaleceu movimentos em prol da comunicação, objetivando potencializar o espectro de ação dos diversos atores e a capacidade de intervenção na elaboração de políticas públicas.
 
 
                                                                                                   Foto: Fernanda Fernandes Borges

A pluralidade na comunicação foi enfocada

 

Alguns participantes ali presentes opinaram sobre a criação da Carta Belo Horizonte e muitos a consideraram um documento amplo que priorizava a diversidade na comunicação.

A principal lição desse grande encontro que reuniu pessoas de todo o país é a necessidade de se lutar para impedir que o controle dos meios de comunicação continuem nas mãos de apenas 5 famílias brasileiras.
 
                                                                                                Foto: Fernanda Fernandes Borges

Público opinou sobre a Carta Belo Horizonte

 

Uma comunicação  plural e uma programação de qualidade é o que se deseja em um país repleto de diferenças raciais, sociais e culturais. O que é diverso pode ser útil no crescimento de uma nação, pois a hegemonia impede a exploração de novos horizontes.

A comunicação existe para ser ampliada e não restringida. Por isso, os grandes conglomerados usam a palavra “censura”, quando se fala em regulação, pois têm medo de perder os seus enormes lucros. Em um processo democrático há uma maior divisão nas concessões de rádio e TV.

É direito do cidadão ter acesso á comunicação diversificada e isenta de objetivos implícitos que visam tirar seu senso crítico e manipular seus pensamentos. Por isso, a luta deve ser constante e a conscientização da população um dever de quem deseja promover um novo cenário midiático no Brasil.

 

 

 

quinta-feira, 16 de abril de 2015

A arte de interpretar a comunicação atual

                                                    
                                                                             Fernanda Fernandes Borges


No dia 12 de março de 2015, o 2° Encontro Nacional pelo Direito à Comunicação iniciou seus trabalhos com esquetes teatrais. O dicionário e os seus inúmeros significados; uma crítica á forma como o rádio se comunica com o seu ouvinte; os relacionamentos humanos em diversos sentidos e a briga para saber quem é mais importante: a fala ou escrita? Esses foram os temas abordados que levaram a plateia a refletir sobre os problemas enfrentados ao se tentar comunicar, nos dias de hoje.
 
Inúmeras palavras foram ditas  e os seus respectivos significados. Com certeza nessa brincadeira teatral, muitas pessoas ali presentes nunca tinham ouvido aqueles vocábulos. Isso demonstra, por meio da encenação que muitas vezes, os receptores dos meios de comunicação, podem não compreender o que está sendo veiculado e por isso não têm chance de ter uma opinião crítica sobre o assunto tratado.
 
                                                                                                 Foto: Fernanda Fernandes Borges

 

 O teatro abriu o encontro de domingo do 2º ENDC

 

O ouvinte tenta conversar com o rádio, mas ele não responde. Essa temática tratada na segunda esquete,  mostrou como os veículos de comunicação são muitas vezes unilaterais, querem passar o seu ponto de vista e não permitem uma interação maior com os seus receptores. Não desejam que ele tenha opinião própria, pois desejam disseminar aquilo que julgam ser a forma correta de como as pessoas têm que agir e pensar.
 

                                                                                                     Foto: Fernanda Fernandes Borges

 

Esquete discutiu o papel do rádio


 
Os relacionamentos foram abordados de maneiras distintas. Enquanto um jovem relatava o seu encantamento por uma garota, outro falava de sua paixão pelas coisas e não por pessoas. Esse distanciamento se assemelha ao processo comunicativo que em muitos casos passa uma visão distorcida sobre determinado fato e causa interpretações muito diferentes da realidade.
 

                                                                                                 Foto: Fernanda Fernandes Borges

As distintos formas de interpretar uma realidade

 

A última esquete abordou de modo convincente as diferenças entre a fala, a escrita, o surgimento do cinema e a tecnologia multimídia. Enquanto a fala discutia com a escrita, para saber quem era a mais importante, o cinema se vangloriava por utilizar as duas. A evolução multimídia amarrou: fala, escrita e cinema e afirmou que veio para englobar tudo que existia.
 
 
                                                                                                Foto: Fernanda Fernandes Borges

 

Discussão entre fala e escrita para saber quem era mais importante


 

                                                                                                      Foto: Fernanda Fernandes Borges

A fala, o cinema e a escrita interagiram

 
 
Os atores ficaram andando em círculos, amarrados, demonstrando que apesar do excesso de informações transmitidas no mundo contemporâneo, com o advento da internet, isso, muitas vezes, deixam as pessoas perdidas, sem saber o que é verdade ou mentira.
 
Foto: Fernanda Fernandes Borges

A tecnologia multimídia amarrou todos

 
As pessoas usam as redes sociais, mas na maioria dos casos não buscam informações e somente interações. Uma pessoa mal informada não pode participar da construção de um país mais justo e desenvolvido, porque está alienada da realidade em que está inserida.

O teatro foi algo inovador e reflexivo que levou à plateia ao encantamento por sua graça e profundidade ao tratar dos temas relacionados á comunicação. Por meio da arte, foi possível refletir sobre o quanto somos tratados como “imbecis” por alguns veículos de comunicação que pensam que podem manipular a opinião de seus receptores.
 
                                                                                                       Foto: Fernanda Fernandes Borges

Os participantes do 2° ENDC prestigiaram as esquetes

 

Por isso, é indispensável debates sobre a comunicação brasileira para se pensar em estratégias que possam combater os grandes monopólios midiáticos, para se construir políticas públicas que visem dar notoriedade para muitos “excluídos” da sociedade.

A realidade deve ser passada como realmente é,  e não maquiada para se atender aos interesses comerciais e promover grandes lucros para os empresários. Os meios de comunicação devem servir para informar e entreter o público de modo inteligente, não de modo coercitivo e com um único ponto de vista. A pluralidade de vozes se faz necessária para um debate democrático sobre o Brasil em que vivemos, para construirmos uma sociedade mais inteligente e participativa.

 

 


terça-feira, 14 de abril de 2015

2º ENDC discute a comunicação na América Latina

 

                                                                                                           Fernanda Fernandes Borges



A tarde do último sábado, dia 11, no teatro Isabela Hendrix, foi palco de uma discussão sobre os dispositivos que regulamentam os meios de comunicação, em alguns países latino-americanos. O 2° Encontro Nacional pelo Direito à Comunicação trouxe como convidados para o debate o professor Gustavo Gómez do Uruguai, o professor Guilhermo Mastrini da Argentina e  Renata Mielli - representante do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC).
 



                                                                            Foto: Fernanda Fernandes Borges

Guilhermo Mastrini falou sobre a experiência argentina com a nova lei

 
 
As discussões se iniciaram com a fala de Guilhermo Mastrini que contou que a Argentina teve uma grande luta para estabelecer uma lei que regulamentasse a mídia. Houve enfrentamento entre o governo e o grupo Clarín que domina todo o processo midiático argentino.

 Pelo texto da lei, o Clarín teria que desfazer de várias de suas licenças, por isso o embate ainda acontece nos dias atuais e o grupo midiático pede na Justiça tempo para se adequar às novas regras.

Com a nova lei “Ley de Medios” ( Lei de Meios ), aprovada em outubro de 2009, pela presidente Cristina Kirchener, novas regras para concessões de rádio e tv foram definidas para limitar a formação de oligopólios e incentivar a pluralidade de vozes nos meios de comunicação.

Segundo Guilhermo nenhum operador pode ter mais que 35% do mercado. “A lei deve ser um ponto de partida, é um cimento em uma casa. A partir dela é possível construir”, disse.

No debate, o Uruguai foi representado pelo professor Gustavo Gómez, um dos formuladores da Lei de Serviços de Telecomunicações, do Uruguai, aprovada no final de 2014, pelo presidente José “Pepe” Mujica. A nova lei tenta combater a concentração econômica no setor das comunicações e incentivar a produção de conteúdo nacional.
 
 



                                                                                    Foto: Fernanda Fernandes Borges

Gustavo Gómez colaborou com a formulação da nova lei de Telecomunicações no Uruguai



 
Para o professor uruguaio, quanto mais cedo a criação de uma lei, melhor para o país. Ele lembrou que o processo deve ser participativo e transparente. “Não se deve colocar uma lei já pronta.  O documento deve ter conceitos vastos. Tem que definir muito bem o que se vai regular e o que não será regulado. Não deve ser uma lei “mordaça”, ressaltou.

Para falar da atual conjuntura brasileira na busca por um dispositivo que regulamente a mídia Renata Miellei – Secretária Geral  do FNDC, enfatizou que o país tem um projeto de lei de mídia democrática, proposto juntamente com a sociedade civil.

“A América Latina tem similaridades políticas, sociais, econômicas e um passado governado por ditaduras que promoveram torturas. Além disso, foi um laboratório do Neoliberalismo. O modelo de uma integração soberana,  busca uma maior justiça social”, enfatizou Renata.
 
 


                                     Foto: Fernanda Fernandes Borges                                              

Renata Mielli discursou sobre os desafios a ser enfrentados pelo Brasil



 
A representante do FNDC afirmou que o Brasil é “uma vanguarda do atraso da comunicação”. Reafirmou que o país precisa vedar os monopólios e oligopólios de comunicação, dispositivos que já existem na Constituição e não são cumpridos.

Renata enfatizou a importância de movimentos como o 2° ENDC para promover esse debate sobre a comunicação e a necessidade de uma nova lei que estabeleça um diálogo entre empresários, o movimento social e o governo.

Todos esses debates foram proveitosos para se pensar como regular os meios de comunicação no Brasil. A partir dos exemplos da Argentina e do Uruguai é possível ter noção de como esse processo pode ser implantando no país, sempre contando com a participação e engajamento de todos os cidadãos.

É preciso cair a “máscara” de que regular é censurar. É necessário distribuir melhor as concessões para se fazer uma comunicação mais competitiva e acessível a todos. Quem sabe assim, os grandes grupos midiáticos brasileiros parem de tentar manipular os seus receptores?
 
 
                                                                                                      Foto: Fernanda Fernandes Borges

Público acompanhou com atenção o debate

 

A liberdade de expressão poderá ser realmente utilizada, quando a mídia for menos concentrada nas mãos de poucas famílias brasileiras. Outras camadas sociais terão a chance de diversificar as produções e todo esse processo enriquecerá o conteúdo produzido por nossos veículos de comunicação.

segunda-feira, 13 de abril de 2015

2º ENDC reúne público de todos os estados brasileiros

                                                                  

                                                                                         Fernanda Fernandes Borges



O 2º Encontro Nacional pelo Direito à Comunicação, promovido pelo Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), ocorrido em Belo Horizonte, no Instituto Isabela Hendrix, nos dias 10, 11 e 12 de abril contou com cerca de 700 pessoas de várias partes do país. Todos os estados da federação estavam representados. O objetivo era promover uma discussão sobre temáticas importantes da comunicação, junto de diversos movimentos que lutam por uma mídia mais democrática, através da implementação de políticas públicas.
 
 

                                                                                Foto: Fernanda Fernandes Borges

Participantes lotaram o teatro


 

Uma encenação ocorrida no sábado, dia 11, iniciou os debates daquele dia. Ao mostrar que muitos assuntos que não interessam aos grandes grupos midiáticos, não saem nos noticiários foi possível perceber o enorme desafio da comunicação brasileira. Os sem – terras, as mulheres que fazem aborto clandestino, o jornalista censurado por escrever uma matéria e outros personagens, muitas vezes marginalizados, pelos meios de comunicação, foram lembrados nesse teatro como a “dor que não sai no jornal”.
 
 
                                                                                                   Foto: Fernanda Fernandes Borges

Encenações mostraram o que não sai na mídia


 
 
As discussões daquela manhã começaram, lembrando ao público que o estado de Minas Gerais passou por um processo de censura velada, nas comunicações, nos últimos 12 anos. Ressalta-se que a democratização da informação serve também para garantir a democracia do país. Uma nação desenvolvida,  geralmente possui um sistema público de disseminação de informações forte.
 
 
                                                                                                    Foto: Fernanda Fernandes Borges

 

Discussões mostram a importância da liberdade de expressão


 
 
Alguns representantes de movimentos sociais em prol da comunicação enfatizaram que a grande mídia nacional mantém um processo explorador sobre os trabalhadores e que aquela era a hora de o povo ter voz e vez. Houve críticas à Lei de Imprensa existente no Brasil, por ela ter sido criada em 1967. O destaque era a liberdade de expressão já que ela é considerada uma pauta do movimento sindical para se construir uma democracia e uma diversidade.

A 1ª Conferência contou com Toby Mendel (canadense) consultor da Unesco e diretor-executivo do Centro de Direitos e Democracia; Martin Becerra (argentino) professor e pesquisador da Universidade de Buenos Aires e Universidade Nacional de Quilmes; João Bosco – Procurador da República, representado o Ministério Público Federal; Emiliano José – Secretário de Serviços de Comunicação Eletrônica, representou o ministro de Estado das Comunicações Ricardo Berzoini e Rosane Bertotti – coodernadora – geral do Fórum Nacional pelo Direito à Comunicação (FNDC).
 
 
                                                                                                  Foto: Fernanda Fernandes Borges

O professor canadense Tobel Mendel discursou


 
 
 
 
Foto: Fernanda Fernandes Borges

O Procurador Federal João Bosco falou dos desafios da Comunicação

 

 

 

 
                                                                                                   Foto: Fernanda Fernandes Borges

O Secretário Emiliano José representou o ministro Ricardo Berzoini

 

A ausência do Ministro Berzoini foi criticada pelos participantes. Emiliano José que o representou tentou se desculpar e disse que o Ministro teve compromissos urgentes e inadiáveis. O professor argentino Martín Becerra destacou em sua fala que a liberdade de expressão é um direito humano e social e não deve pertencer apenas às emissoras. Ele destacou que a regulação dos meios não deve ser apenas uma lei, mas uma consciência social e política.

O Procurador da República João Bosco definiu a liberdade de expressão como um direito á informação verdadeira, uma notícia, não uma opinião. Ele reafirmou que oligopólios e monopólios de veículos de comunicação são prejudiciais à liberdade de se expressar e confessou que toda vez que há uma proposta de regulamentar a mídia, a Abert (Associação Brasileira de  Emissoras de Rádio e Televisão) já considera uma “Censura”. Devido a esse impasse, o Marco Regulatório das Comunicações, no país, tem sérias dificuldades para ser implantado.
 
 
                                                                                               Foto: Fernanda Fernandes Borges


João Bosco enfatizou o desafio de um marco regulatório das comunicações

 

O Secretário de Serviços de Comunicação Eletrônica Emiliano José abriu seu discurso, discordando do professor Tobel. “Eu não acredito em autorregulação da mídia brasileira por si mesma, como disse o professor Tobel”, falou. “É o estado de direito que tem que criar os mecanismos de regulação”, completou. Emiliano citou os Estados Unidos como um país com a regulamentação mais avançada que a brasileira e destacou que a Inglaterra também é rigorosa com os jornais impressos.

“O que queremos é a regulamentação através dos elementos constitucionais já existentes. Nossa TV  faz programas diários que ofendem algumas classes e estimulam a violência. O sistema audiovisual é uma concessão pública, mas age como se não tivesse que dar satisfações aos dispositivos constitucionais”, disse Emiliano.
 
 
                                                                                    Foto: Fernanda Fernandes Borges

Emiliano José falou de incoerências no uso das concessões

 
 

A coodernadora do FNDC Rosane Bertotti lembrou que essa luta é árdua e o 2º ENDC é um momento importante para a discussão desse processo.

A exposição dos pontos de vista desses convidados elucidou bastante o caminho de luta a ser trilhado, caso o Brasil deseje promover uma comunicação mais democrática. Lamentável foi a ausência de Berzoini, pois esse debate era fundamental para agilizar as sonhadas modificações nas comunicações.

A plenária lotada pôde sugerir  atitudes a serem tomadas daqui para frente:

- Revogar as concessões de rádio e tv de deputados e senadores;

- Universalizar a banda larga;

- Fiscalizar as emissoras tradicionais;

- A criação de uma lei que anistie blogueiros e profissionais da comunicação de pagar multas eleitorais;

- Menos perseguição às rádios comunitárias e mais apoio nas liberações de suas concessões;
 
 
 
Foto: Fernanda Fernandes Borges


Plateia sugeriu mudanças no rumo das comunicações brasileiras


 
 
Foram sugestões válidas, feitas diante de representantes do governo federal com o objetivo de agilizar o processo de democratizar o sistema de Comunicação Social país. A presença de profissionais estrangeiros enriqueceu o debate e serviu para mostrar caminhos para esse longo processo.

 

 

domingo, 12 de abril de 2015

Os males que o uso excessivo do celular pode causar

             

                                                                                                Fernanda Fernandes Borges


Nos dias atuais, é comum as pessoas atravessarem as ruas, comerem e conversarem com os amigos, com os olhos voltados para o celular.  Esse uso demasiado do aparelho pode causar problemas de saúde, distanciamento da família e até demissão por justa causa.

Uma pesquisa feita pelo jornal  britânico Daily Mail apontou vários problemas que os celulares podem causar às pessoas que não desgrudam do aparelho. Destacam-se :

- Danos nos olhos, devido ao foco em um objeto pequeno, causando ressecamento da córnea;

- Problemas na coluna :  Ao pender o pescoço para frente há uma compressão nos nervos e a elevação da cabeça causa dores e sensação de cansaço e rigidez;

- Pode haver o surgimento de papada, devido á perda da elasticidade da pele e a posição forçada do pescoço para frente;

- Surgimento de acne, devido aos germes existentes na tela do celular;

- Perda da audição, quando se ouve músicas com o fone de ouvido com volume muito alto;

- Insônia, porque as luzes do aparelho atrapalham a produção do hormônio melatonina que  ajuda as pessoas a dormirem;

- Problemas afetivos com os parceiros e a família, devido á falta de atenção e o tempo desprendido, por exemplo, nas redes socais;
 
 
                                                                                                                            Foto: Reprodução


Quem usa o celular demais pode ter problemas de saúde , profissionais e pessoais

 


O número de linhas celulares cresceu 3,5%, no Brasil, em 2014, segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). O país terminou o ano com 280,7 milhões de telefones celulares. Destes 212,93 milhões eram pré-pagos e 67,8 milhões pós-pagos.

A facilidade de adquirir um aparelho, em diversas prestações, e o incessante uso das redes sociais como o WhatsApp, faz com que muitas pessoas se dediquem horas ao aparelho e se desliguem do mundo real, abandonando um contato mais próximo com a família e os amigos. Muitas até negligenciam o trabalho, para se dedicarem ao hábito de interagir com o celular.

            Quem utiliza o telefone no horário de trabalho e transgride as regras pode sofrer as sanções impostas pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Pode ser uma advertência e até a dispensa por justa causa.

              As causas para essas providências são decorrentes do decréscimo da produtividade do funcionário e a falta de atenção ao realizar atividades que podem causar acidentes de trabalhos, para quem opera máquinas e outros instrumentos perigosos, por exemplo.

          Por esse motivo, muitos empregadores vêm adotando novas medidas de punição para proibir o uso dos celulares, durante o expediente.

        As pessoas devem saber dominar os seus impulsos. A tecnologia que um smartphone oferece deve ser usada no momento certo e de forma moderada. É óbvio que o acesso à internet e a possibilidade de se tirar fotos em locais especiais é uma modernidade muito bem vinda, no mundo contemporâneo.

           O que se deve ter em mente é que a responsabilidade não deve ser abandonada, quando se está trabalhando. O celular não pode ser mais importante que a vida profissional. A família também merece atenção e não pode ser substituída pelas redes sociais.

            O ser humano deve dar atenção especial à saúde, pois esse é um privilégio que ninguém pode comprar. A interatividade com um aparelho não pode desconectar as pessoas de sua realidade, pois as consequências ao se voltar para a vida cotidiana podem ser desastrosas.

 

quarta-feira, 8 de abril de 2015

Humanização de animais, até onde vamos chegar?

 

                                                                                                      Fernanda Fernandes Borges


Desde o dia 12 de março deste ano, cães e gatos de pequeno porte podem ser transportados em ônibus, na cidade de São Paulo. O prefeito Fernando Haddad (PT) sancionou a lei municipal no último dia 11, para atender antigas reivindicações de pessoas de baixa renda que não tinham condições de pagar transporte particular para levar seus animais ao veterinário e aos postos de vacinação.

As regras para que o animal seja levado nos ônibus são: pesar até 10 Kg, ser transportado em caixas especiais de fibra de vidro ou similar; estar vacinado e ser manso. Além disso, o dono não pode levar o bicho em horário de picos das 6 h às 10 h e das 16 h às 19 h. A passagem no valor de R$ 3,50, do cão ou gato deve ser paga, se o proprietário optar por levá-lo em um assento do veículo. Caso viaje no colo, não é necessário o pagamento.

A nova lei trouxe alegria para os donos dos animais, mas indignação de alguns usuários do transporte público. Um passageiro, indagado por uma equipe de TV respondeu: “Agora terei que viajar em pé, para dar lugar para um cachorro?”. A ironia foi maior por parte de  outro: “Se a gata estiver grávida, o assento preferencial será dela?”. A capital paulista tem um trânsito caótico e os ônibus geralmente sempre estão lotados,  por isso se justifica a preocupação desses passageiros.

Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (ABINPET) o Brasil possui cerca de 100 milhões de pets: cães, gatos, peixes, aves e roedores. A cada três famílias brasileiras, uma possui pelo menos um animal. O país é o segundo maior mercado de bichos de estimação do mundo, ficando atrás dos Estados Unidos.

O segmento pet e veterinário brasileiro faturaram cerca de R$ 15,2 bilhões em 2013, segundo a ABINPET. Em 2014, os lucros ultrapassaram os R$ 16 bilhões. O cão ainda é o animal favorito dos brasileiros. Os gastos são com rações, consultas, roupas, vacinas, produtos específicos como sorvetes e refrigerantes próprios para cães, banho, tosa, brinquedos, acessórios, dentre outros. Há também escolinhas, planos de saúde e hotéis próprios  para cães e gatos.

O que se observa com esse cenário é a tendência que muitos donos têm de humanizar os seus animais. O fenômeno conhecido como “Antropomorfismo” é a humanização dos bichos, ou seja,  a pessoa trata o animal como gente e em muitos casos até como um filho.
 
 
                                                                                                                               Foto: Reprodução


Animais não devem ser tratados com ser humanos

 

O dono do animal não mede esforços e dinheiro para dar uma vida confortável ao melhor amigo. Em muitos casos, essas pessoas acreditam que não necessitam da convivência com outros seres humanos, apenas da companhia do bicho.

A lealdade, a falta de comunicação verbal que impede desentendimentos, as brincadeiras e a dedicação dos cães para com seus donos, incentivam as pessoas a  acreditar que isso é suficiente para suas vidas. Muitos especialistas criticam essa “humanização” e alertam que os bichos não têm condições de substituir a relação do ser humano com as outras pessoas.

Os cães, quando são tratados como gente, muitas vezes, se tornam agressivos em companhia de outros cachorros por não compreenderem bem o que realmente são: animais. Por isso, a pessoa que tem um animal deve tomar bastante cuidado para não humanizá-lo, pois além de prejudicar a si mesma, pode causar problemas psicológicos no próprio bicho.

O mundo em vivemos está bastante modificado. Hoje, muitos preferem gastar muito dinheiro com os animais a ajudar o próprio ser humano. Não existe problema em ter um bicho de estimação, o que se não deve esquecer é a sua real condição de ser irracional.

As trocas de experiências e sentimentos que temos com outras pessoas não podem ser substituídas pelo convívio com animais. Nunca o ser humano se sentiu tão só, como nos dias atuais. Portanto, deve buscar interações pessoais e não apenas virtuais ou com seus próprios pets. É hora de sair do casulo e encarar o mundo real e não animalesco em que muitos têm se inserido como desculpa para a falta de contato com o seu semelhante.