Fernanda Fernandes Borges

Fernanda Fernandes Borges

domingo, 8 de fevereiro de 2015

A crise da água no Brasil mostra irresponsabilidade no passado


 

                                   Fernanda Fernandes Borges



A falta de planejamento aliada a uma demanda crescente por recursos hídricos, provoca uma grave crise por água, principalmente nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. O estado paulista é o mais atingido, vive o período mais crítico dos últimos 80 anos.

O Sistema Cantareira é um conjunto de represas, criado no ano de 1970, para abastecer a região metropolitana de São Paulo, devido ao rápido crescimento populacional. Para se manter cheio depende das chuvas de verão. Em julho de 2014, o volume útil do Cantareira, que atende 8,8 milhões de pessoas, esgotou.

A Agência Nacional de Abastecimento (ANA) garante que já havia previsto esse colapso no abastecimento, há 15 anos. Depender apenas do Cantareira e das chuvas, que não vieram como o esperado, já não seria o suficiente para a demanda. O desperdício de água no Brasil é enorme com tubos rachados, registros defeituosos e vazamentos em hidrantes. Isso agrava ainda mais a situação.
 
 
                                                                             Foto: Reprodução

Sistema Cantareira passa por situação crítica

 

Segundo a Companhia de Saneamento Básico de São Paulo (Sabesp), em 2014, houve 2,6 bilhões de litros de água desviados, no estado. A quantia seria suficiente para abastecer 260 mil pessoas, durante um mês. As fraudes aconteciam em residências e estabelecimentos comerciais.

No Rio de Janeiro, dois reservatórios que abastecem o Sistema Paraíba do Sul, principal fonte de água do estado, já atingiram o volume morto. O governo já avalia a possibilidade do racionamento. Mesmo assim, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, deseja realizar a obra de transposição do Rio Paraíba do Sul para socorrer as represas paulistas. Especialistas dizem que a obra deve ser feita apenas quando o nível da água voltar a crescer, caso contrário seria ligar “nada a lugar algum”.

Em Minas Gerais, o governador Fernando Pimentel já recorreu ao governo Federal para enfrentar a crise hídrica. O Sistema Paraopeba, que abastece 31 cidades da Região Metropolitana de Belo Horizonte, enfrenta grande queda em seu volume de água. Por isso, está em estudo a criação de um novo sistema de abastecimento na bacia de outros rios. Além disso, o governo mineiro pretende cobrar taxa extra para quem consome muita água. Há campanhas publicitárias, incentivando a população a economizar 30% de água.

É evidente que não só a população desses estados, mas todos os brasileiros devem economizar água e saber utilizar esse recurso com responsabilidade.  Em São Paulo, muitas casas já ficam sem água por algumas horas, e até dias, e as pessoas enfrentam situações críticas, chegando a aproveitar água da chuva até para o banho. Os especialistas alertam que a água proveniente das chuvas, apenas deve ser utilizada para regar as plantas, limpeza de passeios e descargas sanitárias, devido à falta de tratamento adequado para a higiene do corpo e o consumo.

Além de não ter um atendimento satisfatório o consumidor paga a conta elevada não só na água, mas também nos alimentos que têm o preço reajustado, devido a essa crise. A energia elétrica, proveniente das hidrelétricas,  está cada vez mais cara e na maioria dos estados brasileiros, o consumidor já paga bandeiras tarifárias, quando o consumo mensal passa de 100KWh. Os cidadãos padecem por ineficiência de governos que poderiam ter tomado atitudes, antes desse colapso.

A água é vital para o ser humano. A consciência da população auxilia nesse processo. São abomináveis as tentativas emergenciais para socorrer uma crise que poderia ter sido evitada. Como sempre, o povo paga pela atitude leviana de autoridades que se dizem capazes de governar um estado, quando não conseguem  gerenciar a própria vida.

As obras não ocorrem da noite para o dia. Por isso, campanhas de conscientização e outras alternativas  poderiam ter sido pensadas, antes de  2014. Mais uma vez, o hábito de deixar tudo para a última hora, pode levar cidades, cada vez mais, a ficarem sem água e sem perspectivas de como consegui-la para a própria sobrevivência.

 

 

 

 

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