Fernanda Fernandes Borges
A falta de planejamento aliada a uma demanda crescente
por recursos hídricos, provoca uma grave crise por água, principalmente nos
estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. O estado paulista é o mais
atingido, vive o período mais crítico dos últimos 80 anos.
O Sistema Cantareira é um conjunto de represas, criado no
ano de 1970, para abastecer a região metropolitana de São Paulo, devido ao rápido crescimento populacional. Para se
manter cheio depende das chuvas de verão. Em julho de 2014, o volume útil do Cantareira, que atende 8,8 milhões de pessoas, esgotou.
A Agência Nacional de Abastecimento (ANA) garante que já
havia previsto esse colapso no abastecimento, há 15 anos. Depender apenas do
Cantareira e das chuvas, que não vieram como o esperado, já não seria o suficiente
para a demanda. O desperdício de água no Brasil é enorme com tubos rachados,
registros defeituosos e vazamentos em hidrantes. Isso agrava ainda mais a
situação.
Foto: ReproduçãoSistema Cantareira passa por situação crítica |
Segundo a Companhia de Saneamento Básico de São Paulo
(Sabesp), em 2014, houve 2,6 bilhões de litros de água desviados, no estado. A
quantia seria suficiente para abastecer 260 mil pessoas, durante um mês. As
fraudes aconteciam em residências e estabelecimentos comerciais.
No Rio de Janeiro, dois reservatórios que abastecem o
Sistema Paraíba do Sul, principal fonte de água do estado, já atingiram o
volume morto. O governo já avalia a possibilidade do racionamento. Mesmo assim,
o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, deseja realizar a obra de
transposição do Rio Paraíba do Sul para socorrer as represas paulistas.
Especialistas dizem que a obra deve ser feita apenas quando o nível da água
voltar a crescer, caso contrário seria ligar “nada a lugar algum”.
Em Minas Gerais, o governador Fernando Pimentel já
recorreu ao governo Federal para enfrentar a crise hídrica. O Sistema Paraopeba,
que abastece 31 cidades da Região Metropolitana de Belo Horizonte, enfrenta
grande queda em seu volume de água. Por isso, está em estudo a criação de um novo sistema de
abastecimento na bacia de outros rios. Além disso, o governo mineiro pretende
cobrar taxa extra para quem consome muita água. Há campanhas publicitárias,
incentivando a população a economizar 30% de água.
É evidente que não só a população desses estados, mas
todos os brasileiros devem economizar água e saber utilizar esse recurso com
responsabilidade. Em São Paulo, muitas
casas já ficam sem água por algumas horas, e até dias, e as pessoas enfrentam situações
críticas, chegando a aproveitar água da chuva até para o banho. Os
especialistas alertam que a água proveniente das chuvas, apenas deve ser
utilizada para regar as plantas, limpeza de passeios e descargas sanitárias,
devido à falta de tratamento adequado para a higiene do corpo e o consumo.
Além de não ter um atendimento satisfatório o consumidor
paga a conta elevada não só na água, mas também nos alimentos que têm o preço reajustado, devido
a essa crise. A energia elétrica, proveniente das hidrelétricas, está cada vez mais cara e na maioria dos estados brasileiros, o consumidor já paga bandeiras tarifárias, quando o consumo mensal passa de 100KWh. Os cidadãos
padecem por ineficiência de governos que poderiam ter tomado atitudes, antes
desse colapso.
A água é vital para o ser humano. A consciência da
população auxilia nesse processo. São abomináveis as tentativas emergenciais
para socorrer uma crise que poderia ter sido evitada. Como sempre, o povo paga
pela atitude leviana de autoridades que se dizem capazes de governar um estado,
quando não conseguem gerenciar a própria vida.
As obras não ocorrem da noite para o dia. Por isso,
campanhas de conscientização e outras alternativas poderiam ter sido pensadas, antes de 2014. Mais uma vez, o hábito de deixar tudo
para a última hora, pode levar cidades, cada vez mais, a ficarem sem água e sem
perspectivas de como consegui-la para a própria sobrevivência.
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