Fernanda Fernandes Borges

Fernanda Fernandes Borges

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Inglaterra aprova fertilização com material genético de três pessoas


                                                              Fernanda Fernandes Borges


Um país tradicional  e defensor da monarquia. Conhecida também pelo seu conservadorismo em relação a diversos assuntos, a Inglaterra inova na ciência. O parlamento britânico aprovou ontem, no dia 3 de fevereiro, a lei que permite a fertilização in vitro com o DNA de duas mulheres e um homem. Foram 382 votos favoráveis, contra 128.

          A técnica foi criada na universidade de Newcastle, na Inglaterra, e tem como objetivo reduzir o número de bebês nascidos com doenças hereditárias, provenientes das mães. O processo consiste na transferência do núcleo do óvulo da mãe para o de outra mulher saudável. Esta seria responsável por repassar cerca de 0,1% de seu material genético para a criança. Quanto aos direitos da maternidade, a doadora não teria nenhum, sobre o bebê em questão.

O procedimento que também pode ser realizado depois do óvulo fecundado, possibilita a presença de três DNAs no bebê: o do pai, o da mãe e uma pequena quantidade do DNA da doadora. As doenças genéticas que os cientistas tentam evitar nos filhos de mães que possuem o gene com essa predisposição são: distrofia muscular, cegueira, perda de massa muscular, problemas no coração, rins e pulmões.

A Igreja Católica, a Anglicana e alguns cientistas são contra essa técnica. Eles alegam que esse processo precisa de mais estudos e pesquisas para provar sua eficácia. Muitos temem que esse tipo de fertilização, que altera o DNA mitocondrial do embrião, desperte o desejo de se escolher até as características físicas dos filhos. Dessa forma, a criança seria feita de acordo com as preferências fisionômicas dos pais, como uma obra de arte, não esculpida pela natureza, mas pela ciência.

A Inglaterra foi pioneira na Revolução Industrial e agora surpreende o mundo com a aprovação desse procedimento. A intenção é benéfica para futuras mães que sonham com bebês sadios. No entanto, o debate ético é forte e precisa ser levado em conta para que os limites da ciência não ultrapassem os fins terapêuticos.
 
                                                                              Foto: Reprodução

Parlamento britânico aprovou a fertilização com 3 DNAs

 

Toda essa evolução é positiva, desde que utilizada com o objetivo científico e não estético, determinado por certos padrões, definidos por algumas sociedades contemporâneas. A mentalidade desses bebês, que já devem nascer, no ano que vem, deve ser também analisada para saber qual será o efeito psicológico dessa fertilização no desenvolvimento da criança.

A pontualidade britânica se destaca em uma técnica ousada e divergente. Os resultados, apenas poderão ser verificados ,após o nascimento do primeiro bebê. Até lá, é possível debater em que patamar o homem pode chegar, seja em ações e intenções boas, para a cura de doenças, ou até o infinito da vaidade, capaz de produzir seres que podem até diferir de legítimos humanos, tamanha pode ser a fantasia de uma pessoa, com a sonhada e utópica perfeição estética.

 

 

 

 

 

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