Fernanda Fernandes Borges
Um país tradicional
e defensor da monarquia. Conhecida também pelo seu conservadorismo em
relação a diversos assuntos, a Inglaterra inova na ciência. O parlamento britânico aprovou ontem, no dia 3 de fevereiro, a lei que permite a fertilização in vitro
com o DNA de duas mulheres e um homem. Foram 382 votos favoráveis, contra 128.
A técnica foi criada na universidade
de Newcastle, na Inglaterra, e tem como objetivo reduzir o número de bebês nascidos
com doenças hereditárias, provenientes das mães. O processo consiste na
transferência do núcleo do óvulo da mãe para o de outra mulher saudável. Esta
seria responsável por repassar cerca de 0,1% de seu material genético para a
criança. Quanto aos direitos da maternidade, a doadora não teria nenhum, sobre o bebê em questão.
O procedimento que também pode ser realizado depois do
óvulo fecundado, possibilita a presença de três DNAs no bebê: o do pai, o da
mãe e uma pequena quantidade do DNA da doadora. As doenças genéticas que os
cientistas tentam evitar nos filhos de mães que possuem o gene com essa
predisposição são: distrofia muscular, cegueira, perda de massa muscular,
problemas no coração, rins e pulmões.
A Igreja Católica, a Anglicana e alguns cientistas são
contra essa técnica. Eles alegam que esse processo precisa de mais estudos e
pesquisas para provar sua eficácia. Muitos temem que esse tipo de fertilização,
que altera o DNA mitocondrial do embrião, desperte o desejo de se escolher até
as características físicas dos filhos. Dessa forma, a criança seria feita de
acordo com as preferências fisionômicas dos pais, como uma obra de arte, não
esculpida pela natureza, mas pela ciência.
A Inglaterra foi pioneira na Revolução Industrial e agora
surpreende o mundo com a aprovação desse procedimento. A intenção é benéfica
para futuras mães que sonham com bebês sadios. No entanto, o debate ético é
forte e precisa ser levado em conta para que os limites da ciência não
ultrapassem os fins terapêuticos.
Foto: ReproduçãoParlamento britânico aprovou a fertilização com 3 DNAs |
Toda essa evolução é positiva, desde que utilizada com o
objetivo científico e não estético, determinado por certos padrões, definidos
por algumas sociedades contemporâneas. A mentalidade desses bebês, que já devem
nascer, no ano que vem, deve ser também analisada para saber qual será o efeito
psicológico dessa fertilização no desenvolvimento da criança.
A pontualidade britânica se destaca em uma técnica ousada
e divergente. Os resultados, apenas poderão ser verificados ,após o nascimento
do primeiro bebê. Até lá, é possível debater em que patamar o homem pode
chegar, seja em ações e intenções boas, para a cura de doenças, ou até o
infinito da vaidade, capaz de produzir seres que podem até diferir de
legítimos humanos, tamanha pode ser a fantasia de uma pessoa, com a sonhada e
utópica perfeição estética.
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