Fernanda Fernandes Borges

Fernanda Fernandes Borges

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Carnaval 2015 trouxe surpresas e polêmicas


                                                                       Fernanda Fernandes Borges   


A cidade de Cláudio, localizada no Centro-Oeste mineiro, foi a primeira da região a cancelar o carnaval 2015, em janeiro, devido ao problema da escassez de água. Outros municípios como Oliveira e Itapecerica também tomaram essa decisão. Outros motivos como falta de verba e segurança também foram pretextos para os prefeitos dessas cidades e de tantas outras em, Minas Gerais, para impedir a maior festa popular brasileira.

Na sexta-feira de carnaval o bloco “Pelo Amor de Deus” saiu às ruas em, Oliveira, para protestar contra a decisão do prefeito pelo cancelamento do carnaval. As pessoas estavam vestidas de preto e com velas acesas para simbolizar o “enterro” da festa. No entanto, a população não deixou a tradição esquecida e mesmo em clima de manifesto, o bloco saiu.

Em Itapecerica, a população interessada no carnaval recorreu ao Poder Judiciário e conseguiu o direito de sair com os blocos na rua e o apoio da prefeitura para  aumentar a segurança. O carnaval aconteceu, mesmo sem grandes investimentos.

O caso mais contraditório é o da cidade de Cláudio. Houve um Pré - Carnaval, no Parque de Exposições,  nos dias 30 e 31 de janeiro, com atrações como os grupos Sambô e Molejo. Além desse evento ter sido um fracasso, o dinheiro gasto com ele poderia ter sido investido no carnaval da cidade, que já atraiu muitos turistas.

O mais decepcionante é ouvir que o poder Executivo disse que o carnaval em Cláudio não tem muita adesão da população e que o prefeito economizou dinheiro ao realizar o Pré-Carnaval com atrações pagas ao invés de realizar o tradicional festejo nas ruas do centro da cidade.

                                                                      Foto: Arquivo Pessoal

Saudades de quando o Carnaval ainda existia

 

Não houve uma pesquisa por parte da prefeitura para saber quem gosta ou não do carnaval. Além disso, essa festa sempre foi comemorada na cidade. Como uma autoridade tem coragem de falar que economizou dinheiro trazendo artistas para tocar em um Pré- Carnaval?

É lamentável a postura de quem representa esse município. Não é por acaso que Claúdio tem o apelido da “Cidade Já teve”. Já teve cinema, carnaval, cultura e respeito pela população. Hoje não tem mais. O pior é a acomodação de quem habita o município e deixa suas tradições e raízes se perderem, em meio a uma péssima administração.

Que bom foi acompanhar os blocos das cidades de Oliveira e Itapecerica e a determinação de seus moradores na realização de uma festa que dependia mais da alegria do seu povo do que da verba de suas prefeituras.

A falta de água é um problema sério e todos devem ser conscientes em relação ao seu uso. No entanto, não é a realização de um carnaval que agravaria ainda mais a situação. E por que essas autoridades não tomaram providências antes?

Este ano, as polêmicas da maior festa popular do Brasil  atingiram até a escola de samba carioca Beija – Flor de Nilópolis, coroada com o campeonato 2015. O enredo que falava da Guiné Equatorial, país governado há 35 anos pelo ditador Teodoro Obiang Nguema, dividiu opiniões. O patrocínio de cerca de R$ 10 milhões dados pelo ditador também não foi bem aceito por grande parte da opinião pública.

Infelizmente, uma festa tão alegre quanto o carnaval não precisaria sofrer boicotes tão perversos como nas cidades mineiras que o cancelaram por uma atitude autoritária e não preventiva, como certas autoridades alegaram em seus deploráveis discursos. Tomara que no futuro próximo, o apelido “Cidade Já teve” que Cláudio carrega, sirva, apenas, para designar os políticos pouco capacitados que por lá passam e deixam uma marca de destruição ao invés de significar o esquecimento das suas tradições e de sua história.

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