Fernanda Fernandes Borges

Fernanda Fernandes Borges

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

O retrocesso volta assombrar a política mineira


                                                                                      Fernanda Fernandes Borges


Parece uma piada, mas não é. No dia 5 de fevereiro, quatro dias após tomarem posse na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, os deputados estaduais aprovaram, em 1°turno, por 40 votos a 4, a volta do auxílio-moradia no valor de R$ 2.850,00, para todos, mesmo para aqueles que possuem casa própria na capital mineira ou na região metropolitana.

A decisão ainda precisa ser votada em 2° turno, mas não depende da aprovação do governador, pois é um projeto da Mesa Diretora. E as vantagens não param por aí. Foi aprovada também a verba indenizatória que tem a função de custear as despesas com os gabinetes no valor de R$ 20 mil. Isso também contempla os deputados licenciados que estejam exercendo outras funções.

O pacote de vantagens parece inesgotável, pois esses políticos ainda consentiram a criação de sete cargos com funções gratificadas, com proventos de R$ 4 mil, cada um. Parece um pesadelo, mas é a realidade de fatos que sempre se repetem na política brasileira.

O auxílio-moradia havia sido suspenso na legislatura passada e só atendia 23, dos 77 deputados, que não moravam em Belo Horizonte  ou na região metropolitana.  Caso essa medida seja aceita no 2º turno, os deputados passarão a receber esse dinheiro, imediatamente.
 
                                                                                                                    Foto: Raíla Melo / ALMG

Poucos dias após a posse, parlamentares aprovaram benefícios para o próprio trabalho

 

Atualmente, um deputado estadual de Minas Gerais recebe um salário de R$ 17.165,33, fora outras vantagens adicionais. Deve ser por isso, que dos 77 políticos, 52 foram reeleitos e 25 são novatos. Ou seja, o salário é excelente e os privilégios imensuráveis, por isso quem já está lá, não quer sair.

Enquanto o trabalhador recebe um salário de R$ 788,00, por um duro mês de trabalho, esses parlamentares mineiros se preocupam não em criar projetos para uma vida mais decente dos cidadãos. Querem vantagens descabidas e onerosas , pagas com dinheiro público, para si próprios.

É lamentável, aceitar as mesmas caras sempre na Assembleia e o pior recebendo salários milionários por um trabalho que é praticamente impossível reconhecer. Por que eles ganham tanto e trabalham tão pouco?

Porque o Brasil ainda está muito atrasado nas questões políticas, com certeza. Muitos cidadãos nem se lembram em que votaram e não  acompanham o desempenho de seu candidato, quando este é eleito. Agora, seria o momento certo de saber quem se elegeu e foi favorável à aprovação dessas medidas, tão despropositais.

Nessa sessão das vantagens, ocorrida no dia 5, estiveram presentes 56 deputados dos atuais 77. Quem justificar a falta, não terá desconto no salário. Deve ser por isso, que em todas as eleições os números de pessoas que se candidatam é  cada vez maior, pois esse seria um trabalho dos sonhos para muitos.

Enquanto a mentalidade política do brasileiro e do mineiro não se transformar será praticamente impossível coibir tais atos. A consciência crítica e o poder da cobrança por resultados poderiam ser mais eficientes se os eleitores fossem mais atentos às suas escolhas. Trocar um voto por uma cesta básica é tão grave quanto o ato de receber dinheiro pela sua escolha ou  ficar na expectativa de conseguir algum cargo público, ao apoiar determinado candidato.

A idoneidade deveria ser relevante ao escolher um político. Quem deseja um país mais íntegro e menos corrupto deve ficar atentos aos acontecimentos políticos a nível estadual e federal. Assim, é possível dar uma resposta mais coerente e menos repetitiva nas urnas.

 

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