Fernanda Fernandes Borges
Parece uma piada, mas não é. No dia 5 de fevereiro,
quatro dias após tomarem posse na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, os
deputados estaduais aprovaram, em 1°turno, por 40 votos a 4, a volta do
auxílio-moradia no valor de R$ 2.850,00, para todos, mesmo para aqueles que
possuem casa própria na capital mineira ou na região metropolitana.
A decisão ainda precisa ser votada em 2° turno, mas não
depende da aprovação do governador, pois é um projeto da Mesa Diretora. E as
vantagens não param por aí. Foi aprovada também a verba indenizatória que tem a
função de custear as despesas com os gabinetes no valor de R$ 20 mil. Isso
também contempla os deputados licenciados que estejam exercendo outras funções.
O pacote de vantagens parece inesgotável, pois esses
políticos ainda consentiram a criação de sete cargos com funções gratificadas,
com proventos de R$ 4 mil, cada um. Parece um pesadelo, mas é a realidade de
fatos que sempre se repetem na política brasileira.
O auxílio-moradia havia sido suspenso na legislatura
passada e só atendia 23, dos 77 deputados, que não moravam em Belo Horizonte ou na
região metropolitana. Caso essa medida seja
aceita no 2º turno, os deputados passarão a receber esse dinheiro,
imediatamente.
Foto: Raíla Melo / ALMGPoucos dias após a posse, parlamentares aprovaram benefícios para o próprio trabalho |
Atualmente, um deputado estadual de Minas Gerais recebe
um salário de R$ 17.165,33, fora outras vantagens adicionais. Deve ser por
isso, que dos 77 políticos, 52 foram reeleitos e 25 são novatos. Ou seja, o
salário é excelente e os privilégios imensuráveis, por isso quem já está lá,
não quer sair.
Enquanto o trabalhador recebe um salário de R$ 788,00, por
um duro mês de trabalho, esses parlamentares mineiros se preocupam não em criar
projetos para uma vida mais decente dos cidadãos. Querem vantagens descabidas e
onerosas , pagas com dinheiro público, para si próprios.
É lamentável, aceitar as mesmas caras sempre na
Assembleia e o pior recebendo salários milionários por um trabalho que é
praticamente impossível reconhecer. Por
que eles ganham tanto e trabalham tão pouco?
Porque o Brasil ainda está muito atrasado nas questões
políticas, com certeza. Muitos cidadãos nem se lembram em que votaram e não acompanham o desempenho de seu candidato,
quando este é eleito. Agora, seria o momento certo de saber quem se elegeu e
foi favorável à aprovação dessas medidas, tão despropositais.
Nessa sessão das
vantagens, ocorrida no dia 5, estiveram presentes 56 deputados dos atuais
77. Quem justificar a falta, não terá desconto no salário. Deve ser por isso,
que em todas as eleições os números de pessoas que se candidatam é cada vez maior, pois esse seria um trabalho dos
sonhos para muitos.
Enquanto a mentalidade política do brasileiro e do
mineiro não se transformar será praticamente impossível coibir tais atos. A
consciência crítica e o poder da cobrança por resultados poderiam ser mais
eficientes se os eleitores fossem mais atentos às suas escolhas. Trocar um voto
por uma cesta básica é tão grave quanto o ato de receber dinheiro pela sua escolha ou ficar na expectativa de conseguir algum cargo público, ao apoiar determinado candidato.
A idoneidade deveria ser relevante ao escolher um
político. Quem deseja um país mais íntegro e menos corrupto deve ficar atentos
aos acontecimentos políticos a nível estadual e federal. Assim, é possível dar
uma resposta mais coerente e menos repetitiva nas urnas.
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