Fernanda Fernandes Borges

Fernanda Fernandes Borges

sexta-feira, 24 de junho de 2016

A Arte Contemporânea Brasileira e o resgate da democracia


                                                    Fernanda Fernandes Borges



A aula do dia 14 de junho do curso de História da Arte Contemporânea, promovido pela Fundação Clóvis Salgado, em Belo Horizonte, enfocou a arte desenvolvida por alguns artistas brasileiros na década de 1980. “Os artistas celebravam a vida e a vitória da democracia nos anos 80”, disse a professora Isa Souza.

O fazer manual e o prazer de pintar temáticas coloridas e passar a sensação de euforia são perceptíveis em vários trabalhos. A exposição “Como vai você, Geração 80?” realizada na Escola de Artes  Visuais  do Parque Laje, em 1984,  no Rio de Janeiro,  ilustra bem o momento vivenciado.

                                                                                                                    Foto: Reprodução

Cartaz da exposição de 1984

 

Os artistas refletiam sobre  as imagens; os suportes; técnicas; estilos; materiais; gestos; formas; cores; figuras; dentre outros. Rejeitavam a ideia da pintura como “obra” e utilizavam tintas ordinárias e temas cotidianos para fazer a sua arte.

 

Alguns artistas merecem destaque:

 

Beatriz Milhazes ( Rio de Janeiro, 1960) – Percebe-se o uso de cores fortes em suas criações para comemorar o fim da ditadura militar;
 
          

                                                                                                                     Foto: Reprodução
 

"Foi bom te encontrar " ( 1988) de Beatriz Milhazes



 

 

Leda Catunda ( São Paulo, 1961) – Utilização de elementos pouco nobres como retalhos, colchas e tecidos. “Trabalho que beira o artesanal e utiliza uma técnica mais delicada. Há uma desconstrução com objetos utilitários como camisas e retalhos”, ressaltou a educadora Isa Souza;

                                                                 Foto:Reprodução

A Carteira ( 1985) obra de Leda Catunda

 

Ângelo Venosa ( São Paulo, 1954) – Utilização da precisão geométrica para criar esculturas gigantescas e expressionistas;

 

Adriana Varejão ( Rio de Janeiro , 1964) – Pesquisa sobre a história e as ciências naturais. Utiliza elementos  sofisticados para falar de coisas simples;

 

Ernesto Neto ( Rio de Janeiro, 1964) – Desconstrói a ideia e escultura com materiais nobres. Há um trabalho sobre o peso, a leveza, a tensão e o contato do produto apresentado;

                                                                                                                 Foto: Reprodução

Uso de redes na criação de Ernesto Neto

 

 

Iran do Espírito Santo ( São Paulo, 1963) – Faz uma crítica à sociedade de consumo e à inserção da arte nesse contexto;


Lygia  Pape (Rio de Janeiro , 1927-2004) – Teve grande inspiração no movimento Neoconcretista e no artista Hélio Oiticica;
 

Leonilson Dias (Ceará, 1961-1993) – Obra predominantemente autobiográfica. Utilizava em seus produtos culturais costuras e bordados;
 


Pecebe-se que a produção artística internacional após a 2ª Guerra Mundial,   afasta a subjetividade e a expressão do eu. No Brasil, nesse contexto, a arte é produzida através da vivência artesanal na lógica pré – industrial.

A Vanguarda Brasileira discute a fundação do objeto ou não – objeto. Há também a arte ambiental ou antiarte. Os  objetos são perceptíveis, táteis, visuais e proporcionam sensibilização. “Na Arte Sensorial no Brasil, o público auxilia nas criações”, disse a professora Isa Souza.

Uma referência de Arte Contemporânea no Brasil é o Instituto Inhotim considerado o maior centro de arte ao ar livre da América Latina, localizado na cidade de Brumadinho,  em Minas Gerais.


                                                                                                                         Foto: Reprodução

A Arte Contemporânea ao ar livre no Instituto Inhotim

 

Foi idealizado pelo empresário Bernardo de Melo Paz na década de 1980 e em 2006 foi aberto ao público. Teve grande contribuição do artista plástico pernambucano Tunga (1952-2016) que faleceu recentemente.

Devido a sua obras,  Tunga foi o responsável por despertar no empresário Bernardo   o desejo de investir na Arte Contemporânea e criar o  Instituto Inhotim.


                                                                                                                             Foto: Reprodução

O artista Tunga teve grande participação na criação do Inhotim

 

É muito gratificante ter o Instituto Inhotim  que é referência de arte internacional e nacional no estado de Minas Gerais. Visitar o acervo das obras deveria ser uma atividade propiciada por todas as escolas aos seus alunos.

Compreender a importância de celebrar o fim da ditadura militar no Brasil por meio de um fazer artístico colorido e artesanal ilustra bem a necessidade da liberdade no universo artístico para promover questionamentos e novas ideologias políticas e sociais rumo a um desenvolvimento desejável.
         
 





                                                                                                        Foto: Reprodução

O mágico (2001) de Beatriz Milhazes






 

A arte é responsável por modificar a estrutura de uma sociedade e pode transformar através de suas indagações a rigidez de um sistema que oprime e não propicia liberdade de expressão e senso crítico, essenciais à formação do ser humano.

 

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário