Fernanda Fernandes Borges

Fernanda Fernandes Borges

quinta-feira, 9 de junho de 2016

O conceito da Arte através da linguagem


                                                     Fernanda Fernandes Borges



A Arte Conceitual pode ser compreendida como a Arte da Linguagem. Esse tipo de arte mostra o real, através dos signos que a representam. Há um emissor (artista), a mensagem (obra) e o receptor (público). A ideia prevalece sobre o produto e os artistas utilizam meios distintos para propagar o seu trabalho.

Esse tipo de arte começa a ter mais ênfase a partir da década de 1970 em que os artistas criam uma abordagem mais comunicacional  atentos às situações que envolvem o público, o espaço e a comunicação.

O espectador passa a ser um leitor ativo das mensagens emitidas ao invés de um mero contemplador passivo da estética ou do espetáculo.


Foto: Fernanda Fernandes Borges

Na Arte Conceitual o espectador já não é tão passivo 



De acordo com a professora de Arte Contemporânea Isa Souza toda arte produzida após Marcel Duchamp ( França 1887-1968) e seus ready –mades ( arte que leva as pessoas a pensarem sobre os objetos) é conceitual.

 “Duchamp lembra que a arte não está relacionada a nenhum aspecto formal, mas vai depender de seu deslocamento para um contexto artístico”, disse.

Alguns artistas merecem destaque: Joseph Kosuth (EUA, 1945), Walter de Maria (EUA, 1935- 2013), Lawrence Weiner ( EUA, 1942).

A obra Uma e Três cadeiras de Joseph Kosuth ilustra bem a Arte Conceitual. São exibidas, a foto de uma cadeira, a cadeira em si e o significado da palavra cadeira.  Apesar,  do público enxergar  apenas duas:  a foto e o objeto, há o conceito dado pelo dicionário a essa palavra e por isso o título.


                                                                                                        Foto: Reprodução

Uma e Três Cadeiras (1965)  obra de Joseph Kosuth 



 Inserida na Arte Conceitual está a Performance. Geralmente, ela pode ser repetida em outros lugares e por outras pessoas, pois segue um roteiro e um ensaio. É realizada para plateias restritas ou até mesmo com a ausência de espectadores.

Os registros dessas atividades são feitos através de fotos e vídeos. A ênfase na arte desloca-se do produto final para o seu processo de leitura. A presença corporal do artista é indispensável na condução desse processo.

O início da Perfomance remete ao Futurismo,  em 1910,  quando Marinetti, autor desse movimento, criava performances que eram manifestos . Havia o Teatro de Variedades em que se misturavam música, acrobacias e atuações.


                                                              Foto: Reprodução

          Marinetti é um dos idealizadores  da Perfomance 



Houve performances nos movimentos Dadaísta e Surrealista. No Surrealismo (1920) merece destaque a leitura simultânea ao som de sinos e matracas.

O artista John Cage ( 1928- 1962) é um dos representantes da Perfomance americana. Segundo ele, tudo o que se ouve é música. Ele criou em 1952,  uma obra silenciosa chamada 4’ 33,  em que  os músicos não executam nada. 

Outra categoria artística que merece destaque na Arte Conceitual é o Happening que é  um espetáculo dramático inusitado, feito através do imprevisto e com muita espontaneidade. Há um envolvimento da plateia na realização das apresentações.

 Em 1959, foi realizado pela primeira vez por Allan Kaprow  ( EUA, 1927-2006).  Geralmente, acontece  em cafés, parques e não em galerias.


                                                                                   Foto: Reprodução


Happening promovido por Allan Kaprow



A Body Art também integra a Arte Conceitual e é um manifesto que os artistas fazem através da dor física. Surgiu como um protesto contra a Guerra do Vietnã ( 1959-1975).

O artista flagela o próprio corpo para causar uma dor moral e chamar a atenção para a realidade que o cerceia. É uma revolta contra a política e a economia.

Uma artista que merece destaque é Marina Abramovic que é conhecida por utilizar o corpo em performances extenuantes para testar a resistência física.


                                                                                                           Foto: Reprodução

Marina Abramovic reecontra Ulay, seu ex-marido, durante perfomance em Nova York (2010) 


A Arte Conceitual é ampla e não se restringe aos espaços delimitados por uma galeria. Muitas vezes, não há o objeto para ser contemplado, mas sim ações que acontecem naquele momento e podem ou não ser registradas em fotos e vídeos.

É extremamente chocante, quando os artistas utilizam os próprios corpos para manifestarem repúdio ao sistema vigente. Ao se machucarem propositalmente, tentam chamar a  atenção do público para o que está acontecendo  a sua volta com outras pessoas, que podem ser as guerras ou a violência do cotidiano.

Quando o artista está engajado em contestar não é necessário ser tão extremista. Através da música,  do teatro e das telas pintadas é possível deixar sua indignação sem ter que flagelar a si próprio e causar horror aos seus espectadores.


Nenhum comentário:

Postar um comentário