Fernanda Fernandes Borges
A Arte Conceitual pode ser compreendida como a Arte da
Linguagem. Esse tipo de arte mostra o real, através dos signos que a
representam. Há um emissor (artista), a mensagem (obra) e o receptor (público).
A ideia prevalece sobre o produto e os artistas utilizam meios distintos para
propagar o seu trabalho.
Esse tipo de arte começa a ter mais ênfase a partir da
década de 1970 em que os artistas criam uma abordagem mais comunicacional atentos às situações que envolvem o público,
o espaço e a comunicação.
O espectador passa a ser um leitor ativo das mensagens
emitidas ao invés de um mero contemplador passivo da estética ou do espetáculo.
Foto: Fernanda Fernandes BorgesNa Arte Conceitual o espectador já não é tão passivo |
De acordo com a professora de Arte Contemporânea Isa
Souza toda arte produzida após Marcel Duchamp ( França 1887-1968) e seus ready
–mades ( arte que leva as pessoas a pensarem sobre os objetos) é conceitual.
“Duchamp lembra
que a arte não está relacionada a nenhum aspecto formal, mas vai depender de
seu deslocamento para um contexto artístico”, disse.
Alguns artistas merecem destaque: Joseph Kosuth (EUA,
1945), Walter de Maria (EUA, 1935- 2013), Lawrence Weiner ( EUA, 1942).
A obra Uma e Três cadeiras de Joseph Kosuth ilustra bem a
Arte Conceitual. São exibidas, a foto de uma cadeira, a cadeira em si e o
significado da palavra cadeira. Apesar, do público enxergar apenas duas:
a foto e o objeto, há o conceito dado pelo dicionário a essa palavra e
por isso o título.
Foto: ReproduçãoUma e Três Cadeiras (1965) obra de Joseph Kosuth |
Inserida na Arte
Conceitual está a Performance. Geralmente, ela pode ser repetida em outros
lugares e por outras pessoas, pois segue um roteiro e um ensaio. É realizada
para plateias restritas ou até mesmo com a ausência de espectadores.
Os registros dessas atividades são feitos através de
fotos e vídeos. A ênfase na arte desloca-se do produto final para o seu
processo de leitura. A presença corporal do artista é indispensável na condução
desse processo.
O início da Perfomance remete ao Futurismo, em 1910, quando Marinetti, autor desse movimento,
criava performances que eram manifestos . Havia o Teatro de Variedades em que
se misturavam música, acrobacias e atuações.
Foto: ReproduçãoMarinetti é um dos idealizadores da Perfomance |
Houve performances nos movimentos Dadaísta e Surrealista.
No Surrealismo (1920) merece destaque a leitura simultânea ao som de sinos e
matracas.
O artista John Cage ( 1928- 1962) é um dos representantes
da Perfomance americana. Segundo ele, tudo o que se ouve é música. Ele criou em
1952, uma obra silenciosa chamada 4’ 33,
em que
os músicos não executam nada.
Outra categoria artística que merece destaque na Arte
Conceitual é o Happening que é um
espetáculo dramático inusitado, feito através do imprevisto e com muita
espontaneidade. Há um envolvimento da plateia na realização das apresentações.
Em 1959, foi
realizado pela primeira vez por Allan Kaprow ( EUA, 1927-2006). Geralmente, acontece em cafés, parques e não em galerias.
Foto: Reprodução
|
A Body Art também integra a Arte Conceitual e é um
manifesto que os artistas fazem através da dor física. Surgiu como um protesto
contra a Guerra do Vietnã ( 1959-1975).
O artista flagela o próprio corpo para causar uma dor
moral e chamar a atenção para a realidade que o cerceia. É uma revolta contra a
política e a economia.
Uma artista que merece destaque é Marina Abramovic que é
conhecida por utilizar o corpo em performances extenuantes para testar a
resistência física.
Foto: ReproduçãoMarina Abramovic reecontra Ulay, seu ex-marido, durante perfomance em Nova York (2010) |
A Arte Conceitual é ampla e não se restringe aos espaços
delimitados por uma galeria. Muitas vezes, não há o objeto para ser
contemplado, mas sim ações que acontecem naquele momento e podem ou não ser
registradas em fotos e vídeos.
É extremamente chocante, quando os artistas utilizam os
próprios corpos para manifestarem repúdio ao sistema vigente. Ao se machucarem
propositalmente, tentam chamar a atenção
do público para o que está acontecendo a
sua volta com outras pessoas, que podem ser as guerras ou a violência do
cotidiano.
Quando o artista está engajado em contestar não é
necessário ser tão extremista. Através da música, do teatro e das telas pintadas é possível
deixar sua indignação sem ter que flagelar a si próprio e causar horror aos
seus espectadores.
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