Fernanda Fernandes Borges
O Hiper - Realismo é um gênero de pintura e escultura que
se assemelha a uma fotografia de alta resolução. Surgiu nos Estados Unidos e na
Europa em torno de 1968 e se expandiu na década de 1970, sendo muito conhecido
na Inglaterra e nos Estados Unidos.
Os artistas hiper-realistas, segundo a professora Isa
Souza do curso de História da Arte Contemporânea da Fundação Clóvis
Salgado, em Belo Horizonte, fazem a obra
parte por parte e ela acaba sendo um experimento de abstrações. “É um
simulacro da realidade”, disse.
Foto: Reprodução Escultura de Ron Mueck em tamanho exagerado |
O movimento surge em decorrência das pessoas terem
necessidade de ver o real. As pinturas remetem às fotografias, se assemelhando
demais com as imagens produzidas pelas máquinas. Há recortes nas obras, assim
como na arte fotográfica.
A educadora Isa Souza ressaltou que é possível associar a
fotografia como um culto à morte, pelo fato da pessoa estar congelada na imagem
e o fato do registro mostrar um momento que já se foi e não voltará. “É a morte
do momento, nada se repete”, afirmou.
Algumas características presentes nos temas das obras hiper-realistas: retratam a realidade mundana; os cidadãos
comuns e não as celebridades; os
reflexos da mídia na sociedade; o exagero; a idolatria à ostentação e ao
consumo.
No que se refere à qualidade da criação das pinturas e
fotografias, percebe-se a reprodução e simulação da realidade com influências
do Realismo do século XIX, exatidão nos detalhes, nuances de luz, cores,
sombras e reflexos. Há influências da Pop Art e da arte fotográfica.
Alguns artistas hiper-realistas:
Chuck Close ( EUA,
1940) - Utiliza como técnica o foto - realismo em que a pintura é simular à fotografia;
Audrey Flack ( EUA, 1931) – Faz recortes de cenários e critica a cultura vazia, artificial;
Duane Hanson ( EUA 1925- 1996) – Criava esculturas em
tamanhos reais. Retrava pessoas comuns que eram confundidas com pessoas reais
devido às semelhanças nos mínimos detalhes;
Foto: ReproduçãoEsculturas denominadas "Turistas" ( 1988) de Duane Hanson |
John de Andrea ( EUA , 1941) – Uso das cores preto e
branco em suas esculturas;
Ron Mueck (Austrália, 1958) – Em suas esculturas, há uma
desproporção nos tamanhos que causam estranhamento. Geralmente, há uma
referência à solidão do homem contemporâneo e um olhar triste;
Maurizio Cattelan ( Itália , 1960) – Em suas criações,
observa-se críticas políticas, religiosas e sociais;
Foto: ReproduçãoEscultura de Maurizio Cattelan que representa "Picasso" |
Patrícia Piccinini
( Austrália, 1965) - Elabora criaturas que se assemelham aos humanos , misturadas ao mundo animal;
É fascinante analisar as obras hiper-realistas e sua
semelhança com uma fotografia. A exatidão de detalhes é tão precisa que se
confunde com um retrato retirado por uma máquina, quando o que se observa é a
obra de um artista que exigiu muita técnica e tempo.
Imaginar como aquela escultura ou pintura foi
idealizada, ao visitar uma
exposição, é um processo desafiador que
leva o público a se interessar pelo universo da realidade mostrada de forma única, através das peculiaridades da mente de um
artista inovador .
Foto: ReproduçãoA arte produz inquietações no público |
O Hiper-Realismo ao apresentar obras que retratam a
realidade, produz significados variados
no público que passa a comparar a própria existência com as questões retratadas
nos produtos culturais. É a arte questionando a contemporaneidade e suas
implicações.
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