Fernanda Fernandes Borges
A Grécia além de passar por uma grave crise econômica,
agora também enfrenta a renúncia do primeiro – ministro, Alexis Tsipras,
ocorrida, ontem, dia 20 de agosto. O
enfraquecimento de seu governo, se agravou, desde a aprovação do terceiro programa de
resgaste para a Grécia, no último dia 14, no Parlamento Grego, em que 44
membros de seu partido, Syriza, votaram contra.
Foto: Louisa Gouliamaki / AFP / CPAlexis Tsipras renunciou ao cargo ontem |
Para aprovar a ajuda europeia, Tsipras contou com o apoio
da oposição. Foram 222 votos a favor, contra 64. Logo, após a aprovação no
Parlamento, o Eurogrupo também aprovou o programa de resgaste financeiro para a
Grécia, no valor de aproximadamente 86 bilhões de euros que serão distribuídos,
em até três anos.
Esse acordo só foi firmado, após a Grécia se comprometer
com uma série de reformas austeras que incluem corte de benefícios de
aposentadorias e aumento de impostos, além de outras medidas que causarão um
grande impacto na vida da população grega.
No mesmo dia da renúncia de Tsipras, 20 de agosto, a
Grécia recebeu a primeira parte do empréstimo, no valor de 13 bilhões de euros
que permitiu pagar 3,4 bilhões de euros ao Banco Central Europeu e também o
empréstimo – ponte de 7,3 bilhões de euros provenientes da União Europeia e do
Fundo Monetário Internacional (FMI),
dinheiro que havia sido concedido, em julho.
O objetivo de Tsipras com a renúncia é contornar a
revolta dentro de seu partido e voltar a seu eleito pelo povo, para provar que
a sua decisão foi a mais correta, mesmo não sendo a mais desejada. Ele próprio enfatizou, ontem que a Grécia não conseguiu o acordo
almejado, mas que o melhor possível foi feito.
O ex- primeiro – ministro também ressaltou que seu
mandato que começou no dia 25 de janeiro estava esgotado e por isso era
primordial que o povo julgasse se ele é o representante ideal na negociação
grega com os credores internacionais e suas exigências.
As novas eleições devem acontecer em setembro. Tsipras
deve se candidatar e poderá ser eleito novamente. Um governo interino chefiado
por um juiz da máxima corte grega vai assumir o poder até o resultado das novas
eleições.
A manobra política de Alexis Tsipras não contribui em
nada para o desenvolvimento de Grécia. Apenas, piora uma situação que já está
ruim. O momento não é de guerra pelo poder, mas de união em prol de uma nação
que necessita de uma administração firme e menos manipuladora.
A aprovação do terceiro programa de resgate financeiro à
Grécia, ainda vai acarretar muitas discussões
sobre os impactos no país, que ainda vai custear muitos juros e dívidas que
parecem intermináveis. O mais lastimável
é saber, que quem vai pagar mais uma vez é a população.
Os gregos agora vão ter a oportunidade de escolher um novo
primeiro – ministro. Tomara que nessa nova possibilidade, surja um líder mais
coerente e responsável com suas decisões. Renunciar para depois se candidatar
não é solução para uma crise financeira e muito menos para tentar ganhar
popularidade, com medidas austeras que
vão fazer parte do cotidiano da Grécia, nos próximos anos.