Fernanda Fernandes Borges
Geralmente, todo mundo possui alguma “mania”. No entanto,
quando ela passa a ser extremamente repetitiva e obsessiva, ela pode ser um
indício de que a pessoa tem Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC).
O hábito de lavar as mãos muitas vezes; não usar certos
tipos de cores de roupas; medos exagerados; mania de limpeza; repetir ações várias vezes, são
exemplos de quem sofre com esse transtorno que se caracteriza pela presença de
obsessões e compulsões.
Foto: Fernanda Fernandes BorgesQuando a limpeza é feita de forma exagerada pode ser um indício de TOC |
Há indivíduos que evitam usar banheiros públicos, visitar
cemitérios, hospitais e até tocar em maçanetas com medo de se contaminarem com
algum germe, causador de alguma doença.
As obsessões não se restringem apenas ao ambiente físico
e invadem a saúde mental da pessoa que sofre com o TOC. Ela pode ter pensamentos,
impulsos, imagens indesejáveis que lhe causam grande ansiedade e a obriga a
realizar rituais ou compulsões, muitas vezes sem finalidade, para afastar as
“ameaças” e prevenir possíveis “erros” e assim ficar mais em paz consigo mesma.
Um estudo da Universidade de Denver, nos Estados Unidos,
relacionou o TOC a alterações nas funções executivas cerebrais que se
representam um conjunto de processos cognitivos associados ao planejamento e á
realização de tarefas como memória do trabalho, a atenção sustentada, a
inibição de impulsos e a lembrança de conhecimentos relevantes, através da
memória de longo prazo.
Para ser diagnosticado o TOC é necessário que as ações
realizadas pela pessoa tomem um tempo razoável, mais de uma hora por dia e
causem um grande transtorno em sua vida, prejudicando o convívio social, o
trabalho e os estudos.
Foto: Fernanda Fernandes BorgesPessoas que perdem muito tempo em uma mesma tarefa podem ter a doença |
O tratamento é realizado por meio de medicamentos como
antidepressivos, inibidores da receptação de serotonina ou através da terapia
cognitivo-comportamental que expõe a pessoa á situação que causa a ansiedade.
Há quem faça os dois tipos de tratamento, em busca de uma melhora em seu
comportamento obsessivo.
Estima-se que no Brasil há cerca de 4,6 milhões de
pessoas com TOC. Em São Paulo, alguns médicos do Instituto de Ensino e Pesquisa
do Hospital do Coração (HCOR) em parceria com o Instituto de Psiquiatria do
Hospital das Clínicas estão realizando uma cirurgia com um aparelho chamado
Gamma Knife, para tratar casos mais graves de TOC.
O equipamento emite uma radiação precisa e reduz a
atividade de um circuito de neurônios, que no caso do TOC, apresenta uma ação
exagerada. Ele faz a conexão entre o sistema límbico (associado à indução da
repetição das atividades) e o córtex frontal basal (relacionado à lógica). O objetivo é impedir a ocorrência de pensamentos e gestos repetitivos. O efeito total é esperado, após um ano e meio da intervenção cirúrgica.
Quem convive com alguém com o TOC deve ter muita
paciência e incentivar essa pessoa a buscar um tratamento, para que sua vida
não fique prejudicada por essas obsessões e compulsões que causam tamanha
ansiedade.
Foto: Fernanda Fernandes BorgesÉ preciso ajuda médica para combater esse transtorno |
É preciso campanhas para divulgar essa doença e orientar
a população como deve agir para combater esse mal. Ás vezes, quando se vê
alguém repetindo alguma ação diversas vezes, pode se pensar que aquilo é apenas
uma “mania” de uma personalidade muito perfeccionista. E na realidade pode ser
o TOC.
Em alguns casos, as primeiras manifestações do transtorno
podem ocorrer na infância. Na adolescência, é mais notável os indícios desses
atos compulsivos. Cabe aos pais, prestar atenção no comportamento de seus
filhos e encaminhá-los a um profissional de psiquiatria, caso observem
algum exagero em seus atos.
O mundo dinâmico em que vivemos causa um stress diário e
isso leva as pessoas a ficarem cada vez mais ansiosas. Por isso, é necessário
parar e agir de acordo com as nossas capacidades físicas e mentais e não
sobrecarregar nosso cotidiano com excesso de atividades que apenas prejudicam a
saúde e nos tiram a tranquilidade.
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