Fernanda Fernandes Borges
Desde o dia 8 de agosto quem
utiliza os ônibus na capital mineira, está pagando mais caro. A maior parte da
população passou a desembolsar R$ 3,40 por uma passagem que custava R$ 3,10. Os ônibus circulares passaram de R$ 2,20 para
R$ 2,45 e os táxis – lotação de R$ 3,40 para R$ 3,75. É o segundo reajuste em
sete meses. O último aconteceu no dia 29 de dezembro de 2014.
Foto: Fernanda Fernandes BorgesAs tarifas de ônibus e táxi - lotação subiram no dia 8 de agosto |
A prefeitura de Belo
Horizonte justificou o aumento atribuindo necessidade de repor perdas
econômicas para as empresas que gerenciam os veículos, devido: à inflação;
crise econômica; desemprego; queda no número de pagantes, dentre outros
fatores.
No entanto, segundo o
Instituto de Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a inflação em Belo
Horizonte ficou em torno de 6,4%, nos últimos sete meses e o reajuste das
passagens foi de aproximadamente 9,7%. Contabilizando com o aumento de
dezembro, as passagens já ficaram 19% mais caras.
O reajuste ocorreu, porque a
liminar que suspendia a elevação do preço das passagens foi cassado no dia 7 de
agosto pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais. O aumento das tarifas de
ônibus e também de táxi-lotação já estava publicado, no Diário Oficial do
Município (DOM), desde o dia 31 de julho. O objetivo era que o aumento
vigorasse, a partir do dia 4 de agosto.
Foto: Fernanda Fernandes BorgesOs aumentos de dezembro e agosto contabilizam um acréscimo de 19% no preço das passagens |
Porém, a Defensoria Pública
entrou com um recurso e pediu 180 dias até que fossem verificados os custos
operacionais do sistema. A prefeitura de Belo Horizonte recorreu e conseguiu que
as passagens fossem reajustadas e os novos valores passaram a valer, no último dia 8.
No dia 11 de agosto, a
Defensoria Pública de Minas Gerais protocolou uma nova Ação Pública (ACP) com o
pedido de liminar, suspendendo o aumento das passagens. Infelizmente, não há
data para que seja julgado esse pedido de liminar. O órgão exige uma auditoria
fiscal contábil e econômica nas contas do transporte público. O Ministério
Público também pede uma vistoria no sistema de bilhetagem.
No dia 12 de agosto, houve
um protesto contra o aumento das tarifas de ônibus na Praça Sete e terminou em
um confronto entre manifestantes e a Polícia Militar. Movimentos como o Tarifa
Zero e o Movimento Passe Livre BH (MPL- BH) acusaram os militares de agirem com
violência.
A Polícia Militar justificou
as atitudes tomadas, alegando que pediu aos manifestantes que liberassem uma
via de trânsito na rua da Bahia e não teve essa solicitação atendida. Por isso,
utilizaram balas de borracha, gás lacrimogênio e bombas de efeito moral para
acabar com o impedimento que estava tornando o trânsito caótico.
No dia 2 de setembro, está
programada uma discussão na Comissão de Direitos Humanos e Defesa do
consumidor, na Câmara Municipal de Belo Horizonte. O evento vai reunir
representantes da BH Trans; Procuradoria
Geral do Município; Ministério Público; OAB (Ordem dos Advogados do Brasil);
empresas; sindicatos e movimentos
populares.
Foto: Fernanda Fernandes BorgesO reajuste será tema de debate na Câmara Municipal de Belo Horizonte |
Infelizmente, a população
novamente é explorada com um novo reajuste no transporte público. É impossível
e inaceitável que tudo recaia sobre a maioria das pessoas que muito
trabalha e pouco ganha para sobreviver. Agora, sair de casa para trabalhar,
estudar ou passear está mais oneroso e esses R$ 0,30, em cada passagem, farão
uma grande diferença no fim do mês.
Foto: Fernanda Fernandes BorgesQuem precisa do transporte público, além de ter que esperar, ainda paga um valor absurdo |
As justificativas para o
reajuste são pífias e irresponsáveis. Mais uma vez o povo é explorado e arca
com decisões de quem tem o poder, mas infelizmente não sabe usá-lo para o bem.
Com certeza, quem administra e toma atitudes como essa, nunca passou por dificuldades na vida e pensa
que esse aumento não representa um impacto no cotidiano das pessoas.
As manifestações apenas são
válidas se forem pacíficas e contribuírem para conscientizar as pessoas sobre a
escolha nas eleições. De nada adianta atos bárbaros, porque mudanças eficazes
só podem acontecer se escolhermos bons representantes, conscientes das reais
necessidades de uma cidade e de sua população.