Fernanda Fernandes Borges
Nos últimos dias, os caminhoneiros têm protestado nas
estradas brasileiras devido ao aumento do preço do diesel, a inviabilidade do
custo do frete que está muito baixo e o pagamento de pedágio. Dessa forma, eles
não conseguem trabalhar e custear as despesas com os caminhões.
Segundo a Federação dos Transportes Rodoviários Autônomos
do Estado de São Paulo (Fecamsp), nos últimos cinco meses, o frete teve uma
queda de 37%. Em janeiro o diesel subiu R$ 0,15. As contas não fecham. Um
exemplo elucida essa situação: em uma
viagem com o frete no valor de R$ 1.000,00, só com o óleo diesel são gastos R$
650,00. O restante R$ 350,00 fica com o trabalhador para manter seu veículo e
retirar o próprio sustento, o que é praticamente impossível.
No entanto, em Brasília, a função de deputado federal é cada vez mais repleta de privilégios. No último dia
25, a Câmara aprovou o reajuste da verba de gabinete, do auxílio – moradia e da
cota parlamentar que se refere aos gastos com passagens aéreas e outros
serviços. Além disso, agora os cônjuges dos ilustres deputados poderão usufruir
do benefício das passagens, desde que se desloquem de Brasília para o estado de
origem.
O presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB – RJ) disse que os aumentos apenas
acompanharam o reajuste inflacionário e que isso não causará nenhum impacto nas
contas públicas. Isso porque a Câmara pretende realizar cortes em contratos de
informática e compra de equipamentos. Difícil acreditar?
Estes são alguns dos novos valores: a verba de gabinete
passa de R$ 78 mil para R$ 92 mil, o auxílio – moradia que era de R$ 3.800,00, agora será de R$ 4.243,00. Um deputado federal
recebe uma remuneração mensal bruta de R$ 33.763,00. A cota parlamentar varia de acordo com o
estado, atualmente o valor máximo é de R$ 41 mil para os deputados federais de Roraima
e o menor no valor de R$ 27 mil para os parlamentares do Distrito Federal. Esse
benefício sofrerá um reajuste de 8,72%. Os novos valores passam a vigorar a partir de abril.
Foto: ReproduçãoCâmara Federal aprovou reajustes dos benefícios de acordo com a inflação |
E por que será que os caminhoneiros não podem
protestar e ser respeitados? Com certeza, porque aqui no
Brasil os trabalhadores honestos exercem suas funções diariamente para poder
pagar as contas desses senhores e senhoras que se dizem representantes do povo.
Em uma época de contenção de despesas, esses benefícios deveriam ser suspensos
e não reajustados, pois eles apenas oneram as contas públicas.
O Brasil é um país contraditório e a maioria de seus
representantes não têm vergonha de favorecer os próprios bolsos. Será que é porque a população está tão
passiva e não sabe cobrar decência dessas autoridades?
Os caminhoneiros não conseguiram a redução do preço do
diesel. E como fica a inflação no impacto de suas contas? Isso não é levado a
sério por esse governo e por uma Câmara de políticos sem noção da realidade
econômica do país.
É impossível compactuar com essa realidade. Se as pessoas
fossem mais ativas e menos pacatas, talvez a política brasileira seria
diferente. Se bem que nesse país tudo é possível e as mudanças parecem uma
utopia.
O governo aceitou discutir os preços do frete e a
presidente Dilma Roussef prometeu sancionar a Lei dos Caminhoneiros, aprovada no
Congresso, no dia 11 de fevereiro deste ano. Essa lei irá assegurar entre outros benefícios, a isenção
de pagamento de pedágio para cada eixo suspenso de caminhões vazios e garantirá o financiamento do Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para que os trabalhadores possam adquirir caminhões e equipamentos.
Soluções pouco eficazes para uma categoria que merecia
uma atenção especial. “Sem caminhão com
certeza o Brasil para”. Já sem deputados a nação, provavelmente poderia
crescer sem ter que sustentar as regalias de uma classe ineficiente e sem
serventia.
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