Fernanda Fernandes Borges

Fernanda Fernandes Borges

segunda-feira, 2 de março de 2015

Que Brasil é este?



Fernanda Fernandes Borges



Nos últimos dias, os caminhoneiros têm protestado nas estradas brasileiras devido ao aumento do preço do diesel, a inviabilidade do custo do frete que está muito baixo e o pagamento de pedágio. Dessa forma, eles não conseguem trabalhar e custear as despesas com os caminhões.

Segundo a Federação dos Transportes Rodoviários Autônomos do Estado de São Paulo (Fecamsp), nos últimos cinco meses, o frete teve uma queda de 37%. Em janeiro o diesel subiu R$ 0,15. As contas não fecham. Um exemplo elucida  essa situação: em uma viagem com o frete no valor de R$ 1.000,00, só com o óleo diesel são gastos R$ 650,00. O restante R$ 350,00 fica com o trabalhador para manter seu veículo e retirar o próprio sustento, o que é praticamente impossível.

No entanto, em Brasília, a função de  deputado federal é cada vez  mais repleta de privilégios. No último dia 25, a Câmara aprovou o reajuste da verba de gabinete, do auxílio – moradia e da cota parlamentar que se refere aos gastos com passagens aéreas e outros serviços. Além disso, agora os cônjuges dos ilustres deputados poderão usufruir do benefício das passagens, desde que se desloquem de Brasília para o estado de origem.

 O presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB – RJ) disse que os aumentos apenas acompanharam o reajuste inflacionário e que isso não causará nenhum impacto nas contas públicas. Isso porque a Câmara pretende realizar cortes em contratos de informática e compra de equipamentos. Difícil acreditar?

Estes são alguns dos novos valores: a verba de gabinete passa de R$ 78 mil para R$ 92 mil, o auxílio – moradia que era de R$ 3.800,00,  agora será de R$ 4.243,00. Um deputado federal recebe uma remuneração mensal bruta de R$ 33.763,00.  A cota parlamentar varia de acordo com o estado, atualmente o valor máximo é de R$ 41 mil para os deputados federais de Roraima e o menor no valor de R$ 27 mil para os parlamentares do Distrito Federal. Esse benefício sofrerá um reajuste de 8,72%. Os novos valores passam a vigorar a partir de abril.
 
                                                                                                 Foto: Reprodução


Câmara Federal aprovou reajustes dos benefícios de acordo com a inflação

 

 E por que será que os caminhoneiros não podem protestar e ser respeitados? Com certeza, porque aqui no Brasil os trabalhadores honestos exercem suas funções diariamente para poder pagar as contas desses senhores e senhoras que se dizem representantes do povo. Em uma época de contenção de despesas, esses benefícios deveriam ser suspensos e não reajustados, pois eles apenas oneram as contas públicas.

O Brasil é um país contraditório e a maioria de seus representantes não têm vergonha de favorecer os próprios bolsos. Será que é porque a população está tão passiva e não sabe cobrar decência dessas autoridades?

Os caminhoneiros não conseguiram a redução do preço do diesel. E como fica a inflação no impacto de suas contas? Isso não é levado a sério por esse governo e por uma Câmara de políticos sem noção da realidade econômica do país.

É impossível compactuar com essa realidade. Se as pessoas fossem mais ativas e menos pacatas, talvez a política brasileira seria diferente. Se bem que nesse país tudo é possível e as mudanças parecem uma utopia.

O governo aceitou discutir os preços do frete e a presidente Dilma Roussef prometeu sancionar a Lei dos Caminhoneiros, aprovada no Congresso, no dia 11 de fevereiro deste ano. Essa lei irá assegurar entre outros benefícios, a isenção de pagamento de pedágio para cada eixo suspenso de caminhões  vazios e garantirá o financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social  (BNDES) para que os trabalhadores possam adquirir caminhões e equipamentos.

Soluções pouco eficazes para uma categoria que merecia uma atenção especial. “Sem caminhão com certeza o Brasil para”. Já sem deputados a nação, provavelmente poderia crescer sem ter que sustentar as regalias de uma classe ineficiente e sem serventia.

 

                                                                                                                               

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