Fernanda Fernandes Borges
O hábito de ler deve ser estimulado
desde cedo. Quando os pais contam as histórias infantis para os filhos
dormirem, eles conseguem desenvolver a imaginação e a criatividade nas
crianças. Na fase adulta, esses meninos e meninas provavelmente serão leitores
mais assíduos e participativos na construção da sociedade em que vivem.
O brasileiro lê em média 4 livros por
ano, chegando a completar a leitura de apenas 2,1 livros, segundo a 3ª edição
da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, realizada pelo IBOPE Inteligência e
encomendada pelo Instituto Pró – Livro, em 2012. Mais de cinco mil pessoas
foram entrevistadas em todo país. O livro mais lido é a Bíblia.
Na Espanha, as pessoas leem cerca de 10 livros
por ano. Nos países sul-americanos o índice também é superior se comparado ao
Brasil. Na Argentina o número de livros lidos por habitante é de 4,6 e no Chile
5,4. Em contrapartida, em nosso país 75% dos brasileiros, de acordo com o
estudo apresentado, nunca frequentaram uma biblioteca.
Foto: Fernanda Fernandes BorgesO índice de leitura no Brasil é baixo comparado a outros países |
Um país de extensa dimensão e repleto de riquezas naturais, como o nosso, não sabe utilizar a inteligência e o aprendizado que podem ser adquiridos por meio da leitura. Um país bem sucedido, geralmente é composto por uma população informada e que tem o hábito de ler. Desse modo, pode questionar as decisões políticas de sua nação e incentivar o desenvolvimento da cultura, essencial à formação humana.
A falta de investimento em feiras
culturais, eventos literários e o baixo interesse das pessoas contribuem para
esse quadro. A ineficiência de algumas escolas que deveriam ser primordiais no
incentivo ao hábito da leitura, também é responsável pelo fato de muitos
brasileiros preferirem o computador, a tv ao livro.
O professor não é valorizado no Brasil.
O poder público não se preocupa com a especialização desses profissionais. Assim,
poucos conseguem passar para os estudantes uma bagagem literária vasta, pois
além de não terem tempo para ler, pois têm que dividir seus horários em mais de uma escola, não são incentivados a buscar novos cursos e
atualizar seus conhecimentos.
Foto: Fernanda Fernandes BorgesO desenvolvimento de uma nação está relacionado à intelectualidade de seus habitantes |
Quando o profissional da educação quer se
especializar, deve pagar de seu próprio bolso, o que é praticamente impossível,
devido aos baixos salários. O amor á profissão nem sempre supera a carência de
recursos.
Enquanto o Brasil não dedicar atenção
especial ao professor e ás escolas, é pouco provável que esse cenário se
modifique. No âmbito escolar, podem ser esculpidos seres humanos perspicazes,
inteligentes e inovadores. A leitura pode transformar a vida de qualquer pessoa
para melhor. No entanto, é preciso investimento e determinação de nossos
governantes.
A conjuntura atual requer políticos
engajados e não oportunistas. Por isso, é necessário uma formação cultural
sólida e um grande aprendizado para se representar a sociedade brasileira.
Infelizmente, no Brasil, até quem faz palhaçada consegue se eleger.
Se quem está na vida pública mal sabe
ler e escrever como pode entender os anseios da população? É preciso rever
urgentemente essa realidade, para que o Brasil não seja sempre visto como um
país do futebol e do carnaval, que não é levado a sério pelos próprios
representantes.
Foto: Fernanda Fernandes BorgesPessoas que leem, geralmente são mais criativas e inovadoras |
Quando se lê e abandona o hábito de
receber informações moldadas por alguns veículos de comunicação, o ser humano é
quem tira suas próprias conclusões. Não espera a mídia determinar o seu
pensamento. Tem sabedoria para discernir a realidade do fato. O universo
literário deve ser visitado sempre por quem deseja ser independente em suas opiniões
e decisões.