Fernanda Fernandes Borges
A Mesa Diretora da Câmara dos Deputados cancelou, ontem,
o pagamento de passagens aéreas para maridos e esposas dos parlamentares. A
medida que havia sido aprovada, no dia 25 de fevereiro, foi bem criticada pela
opinião pública, fator preponderante para a desistência desse benefício.
O presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB – RJ) disse
que vai analisar exceções e em casos
especiais, os deputados federais poderão requerer as passagens. Cada caso será
analisado separadamente. Os partidos PT, PSDB, PSOL e PPS já haviam afirmado
que não utilizariam o benefício.
O Ministério Público Federal também chegou a entrar com
um pedido de Ação Civil Pública contra a concessão de passagens para os
cônjuges dos deputados. Agora, a utilização da cota dos bilhetes aéreos será permitida apenas para os parlamentares e seus
assessores.
Foto: Luís Macedo / Câmara dos DeputadosEduardo Cunha disse que a Mesa Diretora decidiu por unanimidade cancelar o benefício |
Essa decisão unânime da Mesa Diretora, o órgão responsável
pela condução dos trabalhos da casa legislativa, em nada prejudica os reajustes
ocorridos há uma semana. Ou seja, tudo continua do mesmo jeito. As vantagens
milionárias são as mesmas. Parece uma manobra tentando enganar o povo.
É decepcionante acompanhar o trabalho desses senhores. A
não concessão das passagens para os cônjuges não deixará de onerar as contas
públicas, porque o dinheiro desprendido com o auxílio – moradia, a cota
parlamentar e a verba de gabinete com os consequentes aumentos foram mantidos.
É necessário rever a função de deputado no Brasil. Será
que se eles fossem receber um salário mínimo pelo desempenho de suas funções se
engajariam tanto para entrar na política? Ou melhor ainda, se esse trabalho fosse
voluntário, existiria algum brasileiro interessado em fazê-lo?
Provavelmente não. O desejo de
trabalhar pouco e ganhar muito impele a maioria dos candidatos a sonhar com a
vida pública. Enquanto, esses brasileiros pensarem dessa forma é impossível o
país avançar. As pessoas que se manifestaram contra o direito de passagens dos
maridos e esposas dos deputados fizeram o seu papel de sociedade participativa
nas decisões políticas da nação. É lamentável saber que a suspensão dessa
vantagem não impedirá os milhões de saírem dos cofres públicos para sustentar
“os reis e rainhas” da Câmara.
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