Fernanda Fernandes Borges

Fernanda Fernandes Borges

quarta-feira, 11 de março de 2015

Punição de menores provova discussões



Fernanda Fernandes Borges



Qualquer tipo de violência é repugnante e gera um anseio por justiça. No entanto, quando um menor comete um crime, o ato deve ser considerado “infracional” e esse ser humano deve ser protegido de qualquer tipo de retaliação. Além disso, o seu rosto não pode ser exibido em reportagens.

De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), criado em 1990, os menores de 18 anos são inimputáveis, ou seja, não podem ser presos e tratados como criminosos, mesmo quando matam, roubam, estupram, dentre outras barbáries. O máximo que pode ocorrer é a internação que priva o jovem da liberdade, no período que não pode ultrapassar três anos.

Infelizmente, essa falta de punição adequada a menores deliquentes,  muitas vezes, facilita o ingresso na marginalidade. Eles são encorajados por bandidos experientes a praticarem assaltos e em muitos casos matam friamente as vítimas, sabendo que não ficarão reclusos por mais de três anos.

No dia 28 de janeiro deste ano, um filho de 7 anos viu a mãe ser assassinada, em São Paulo. Era a guarda municipal Ana Paola Teixeira de 38 anos que estava em seu carro com o filho. Dois dias após, o assassino de 14 anos confessou, sem qualquer arrependimento, o crime.
 
 
                                                                                                                             Foto: Reprodução


Ana Paola Teixeira foi brutalmente assassinada por um menor

 
 

Esse tipo de violência a sociedade está cansada de vivenciar. A alternativa da redução da maioridade penal é a esperança que muitos têm de intimidar esses criminosos, cada vez mais novos, ao buscarem uma alternativa para essas ações que são recorrentes e cruéis. A sensação de impunidade, quando um menor é apreendido e tem que passar por medidas socioeducativas, gera revolta e apelo por justiça, por grande parte da população.

Alguns especialistas acreditam que a redução da maioridade penal não resolveria a violência. Eles alegam que a cadeia não educa ninguém e que a situação dos presídios brasileiros é deplorável com superlotações e problemas estruturais. Nesse universo, os jovens infratores poderiam aprender coisa piores e saírem bandidos mais bem elaborados e perigosos.

A discussão leva à defesa de distintos pontos de vista. O que não pode acontecer é deixar essa criminalidade ocorrer de modo livre e deixar a população entregue à própria sorte em suas casas ou nas ruas. A punição deve ser aplicada de modo rígido, a fim de combater essa sensação de que o menor não sofrerá as conseqüências penais, caso cometa atos que violem as leis.

Não importa, se segundo algumas estatísticas, a maioria de delitos praticados por adolescentes infratores é o furto. O que se vê diariamente, são ações ousadas que culminam em mortes de pessoas inocentes.

É inaceitável esse tipo de pensamento no mundo em que vivemos. Qualquer pessoa deve ser responsabilizada por seus atos sejam eles em menor ou maior grau. Como explicar para esse filho que sua mãe não voltará? Como confortar pais que têm filhos assassinados ao regressarem das aulas da faculdade, à noite?

A ideia de proteger o menor e esquecer o cidadão honesto é desumana e irracional. Colocar a culpa na desigualdade social também é um retrocesso. Qualquer ser humano é capaz de lutar por uma vida mais digna, sem entrar no universo da violência.

O Brasil necessita mudar sua legislação e repreender os bandidos, independentemente da sua idade. Quem sabe, dessa forma, alguns menores infratores desistem da vida de marginais e passam a temer mais a justiça. Assim, até os deboches veiculados “amanhã mesmo já estou na rua”, parem de existir ao tomarem consciência de que o país mudou e  já não está mais tão paternalista com a violência.

 

 

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