Fernanda Fernandes Borges
As empresas quem vêm passando por dificuldades
financeiras já podem aderir ao PPE (Programa de Proteção ao Emprego), desde o
dia 22 de julho, quando as regras foram publicadas no Diário Oficial da União.
A presidente Dilma Roussef já havia sancionado a medida Provisória (MP) n° 680,
no dia 6 de julho e a validação do programa, aguardava a aprovação do
Congresso.
O Programa de Proteção ao Emprego (PPE) foi criado com o
objetivo de evitar demissões. Esse tipo de programa já existe em países como
Alemanha, Japão e Canadá. O PPE permite a redução de 30% das horas de trabalho,
com redução proporcional do salário pago pelo patrão.
Foto: Fernanda Fernandes BorgesO PPE foi criado com o objetivo de manter os empregos |
O governo federal vai arcar com 50% da perda salarial por
meio do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador). Por exemplo: se o empregado ganha
R$ 2.000,00 por mês, ele tem seu salário reduzido para R$ 1.400,00, porém com a
complementação do governo de 15% , o seu salário será de R$ 1.700,00. A
compensação paga pelo governo não pode ultrapassar R$ 900,84.
Além de manter os empregos, o governo quer diminuir
gastos com o seguro-desemprego e manter a arrecadação do INSS e do Fundo de
Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), valores que serão pagos de acordo com os
novos salários.
Para as empresas a expectativa é diminuir em até 30% os
custos com a folha de pagamento, reduzir despesas com contratações e
demissões, além de manter uma mão de obra qualificada.
O programa vale até 31 de dezembro de 2016 e as empresas
interessadas devem se inscrever até o fim do ano. Antes de aderir ao PPE, a empresa tem que
comprovar o índice de geração de empregos e esgotar primeiro a utilização do
banco de horas e períodos de férias, inclusive coletivas.
O ingresso no PPE
só vai ocorrer, se as empresas comprovarem
através de dados do Caged (Cadastro
Geral de Empregados e Desempregados) estar dentro de um indicador chamado
Indicador Líquido de Emprego. O índice é calculado analisando a diferença entre
as admissões e os desligamentos, nos últimos 12 meses, contados a partir do mês
anterior ao pedido de adesão ao programa, sobre o total de funcionários da
empresa. O indicador não pode ultrapassar 1% positivo.
No geral, todas as empresas que tenham demitido mais que
contratado podem utilizar o programa. No entanto, de acordo com o cálculo do
índice há empresas que admitiram mais e demitiram menos que também podem
utilizar o PPE. Tudo depende do Indicador Líquido de Emprego.
Os empresários que utilizarem o PPE são proibidos de
dispensarem arbitrariamente ou sem justa causa os funcionários com jornada
reduzida, enquanto durar a inscrição no programa e após o término, durante um
prazo equivalente a um terço do período de adesão.
Além disso, é necessário fazer um acordo com o sindicato
dos funcionários e registrar o Acordo Coletivo de Trabalho.
A estimativa é
que o programa preserve 50 mil empregos com salários em média de R$ 2.200,00. O
custo deve ser de R$112,5 milhões, em 2015. A medida foi bem aceita por
representantes de empresas e dos trabalhadores.
O Programa de Proteção ao Emprego foi uma solução
encontrada, pelo governo federal, para tentar diminuir o índice crescente de
desemprego no país. O setor automotivo é um dos que mais dispensou este ano.
Segundo dados da Anfávea ( Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos
Automotores), cerca de 18 mil funcionários forma demitidos ou receberam férias
coletivas.
A manutenção do emprego é uma solução ideal para o
período econômico delicado, pelo qual o
Brasil passa. A redução da jornada de trabalho também pode propiciar redução no
consumo da energia elétrica, por parte de empresas e ajudá-las a colocarem as
contas em dia, já que esse item é um dos que mais pesa na inflação atual.
Consciente do esforço empreendido tanto por empresários
como por empregados, cabe ao governo, auxiliar agora os desempregados a tentarem
uma recolocação profissional no mercado, por meio do crescimento da economia.
O PPE é uma decisão acertada que precisa ser bem
utilizada para cumprir o seu objetivo principal que é a manutenção do emprego.
Os trabalhadores devem se sentir prestigiados com essa medida e desempenharem
com eficiência suas funções, para que possam permanecer nelas por muito tempo.