Fernanda Fernandes Borges

Fernanda Fernandes Borges

terça-feira, 24 de março de 2015

As manifestações apresentaram incoerências



Fernanda Fernandes Borges

 

O dia 15 março de 2015 foi marcado por manifestações nas ruas em quase todas as capitais brasileiras, no Distrito Federal e em outras cidades. As solicitações eram o fim da corrupção, a saída do partido dos trabalhadores (PT) do poder e até o Impeachment da presidente Dilma Roussef. Além disso, cartazes com os dizeres “Intervenção Militar Já” foram vistos em diversas localidades e se mostraram contraditórios à luta empreendida.
Protestar é um direito legítimo do cidadão e esse acontecimento ocorrido naquele domingo foi pacífico, com poucos incidentes, em algumas cidades. O que se observa é uma falta de maturidade nas reivindicações. Quando se pede a volta dos militares, esquece-se de que na época da ditadura não havia democracia e o povo não podia manifestar.
Como querem mudar um país com a volta de um período retrógado e marcado por tamanha violência? Um governo democrático permite essa liberdade de expressão, vivenciada nos últimos dias. É possível até criticar a presidente sem sofrer represálias, algo inconcebível com os militares.
 

                                                                Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil

 

Manifestantes pedem Intervenção Militar




Em relação ao Impeachment da presidente Dilma Roussef é algo sem fundamento e que pouco resolveria as crises pelas quais tem passado o Brasil. Vários especialistas já esclareceram que não há razão jurídica para que essa atitude seja tomada. Se houvesse seria um Impeachment Político, o que abalaria as estruturas democráticas do país, já que a líder foi eleita, pela maioria dos votos dos cidadãos.
Ficar batendo panelas e usar apitos em nada muda o cenário nacional. Uma efetiva transformação só pode ocorrer através das urnas, quando os eleitores deixarem de escolher sempre os mesmos políticos para representá-los no Congresso e no Senado. Porque o que se observa sempre é pouca renovação e um álbum com figurinhas repetidas.
A situação mais cômica é a da capital mineira. O povo se reuniu no entorno da Praça da Liberdade para protestar. Por que não lutaram e saíram ás ruas quando a sede do governo estadual foi transferida para a Cidade Administrativa, onde ninguém manifesta ou tem acesso? O local é longe e a segurança não permite penetras e nem o apelo popular. Deve ser isso.
Outra situação observada: Por que apenas cartazes “Fora Dilma” e não “Fora Eduardo Cunha” e “Fora Renan Calheiros”, já que o presidente da Câmara e o do Senado são citados nas investigações de corrupção da Petrobrás? Será que é mais fácil colocarmos uma viseira e não compreender que a presidente não governa sozinha, precisa da aprovação da Câmara e do Senado para tomar suas decisões.
É ótimo o povo manifestar, mas nunca deve deixar de lado a crítica a outros políticos brasileiros e não deturpar a imagem de um único representante. A corrupção é abominável, a inflação inconcebível e os reajustes nas tarifas energéticas também. O que não se deve fazer é colocar a culpa apenas na presidente e sim saber votar, para depois questionar as decisões acertadas com os demais representantes do povo: os deputados e os senadores.
 
 
 
 

 

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