Fernanda Fernandes Borges
O dia 15 março de 2015 foi marcado por manifestações nas
ruas em quase todas as capitais brasileiras, no Distrito Federal e em outras
cidades. As solicitações eram o fim da corrupção, a saída do partido dos
trabalhadores (PT) do poder e até o Impeachment da presidente Dilma Roussef.
Além disso, cartazes com os dizeres “Intervenção
Militar Já” foram vistos em diversas localidades e se mostraram
contraditórios à luta empreendida.
Protestar é um direito legítimo do cidadão e esse
acontecimento ocorrido naquele domingo foi pacífico, com poucos incidentes, em
algumas cidades. O que se observa é uma falta de maturidade nas reivindicações.
Quando se pede a volta dos militares, esquece-se de que na época da ditadura
não havia democracia e o povo não podia manifestar.
Como
querem mudar um país com a volta de um período retrógado e marcado por tamanha
violência? Um governo democrático permite essa liberdade de
expressão, vivenciada nos últimos dias. É possível até criticar a presidente
sem sofrer represálias, algo inconcebível com os militares.
Foto: Marcelo Camargo / Agência BrasilManifestantes pedem Intervenção Militar |
Em relação ao Impeachment da presidente Dilma Roussef é
algo sem fundamento e que pouco resolveria as crises pelas quais tem passado o
Brasil. Vários especialistas já esclareceram que não há razão jurídica para que
essa atitude seja tomada. Se houvesse seria um Impeachment Político, o que
abalaria as estruturas democráticas do país, já que a líder foi eleita, pela
maioria dos votos dos cidadãos.
Ficar batendo panelas e usar apitos em nada muda o
cenário nacional. Uma efetiva transformação só pode ocorrer através das urnas,
quando os eleitores deixarem de escolher sempre os mesmos políticos para
representá-los no Congresso e no Senado. Porque o que se observa sempre é pouca
renovação e um álbum com figurinhas repetidas.
A situação mais cômica é a da capital mineira. O povo se
reuniu no entorno da Praça da Liberdade para protestar. Por que não lutaram e saíram ás ruas quando a sede do governo estadual
foi transferida para a Cidade Administrativa, onde ninguém manifesta ou tem
acesso? O local é longe e a segurança não permite penetras e nem o apelo
popular. Deve ser isso.
Outra situação observada: Por que apenas cartazes “Fora Dilma” e não “Fora Eduardo Cunha” e
“Fora Renan Calheiros”, já que o presidente da Câmara e o do Senado são citados
nas investigações de corrupção da Petrobrás? Será que é mais fácil
colocarmos uma viseira e não compreender que a presidente não governa sozinha,
precisa da aprovação da Câmara e do Senado para tomar suas decisões.
É ótimo o povo manifestar, mas nunca deve deixar de lado
a crítica a outros políticos brasileiros e não deturpar a imagem de um único
representante. A corrupção é abominável, a inflação inconcebível e os reajustes nas
tarifas energéticas também. O que não se deve fazer é colocar a culpa apenas na
presidente e sim saber votar, para depois questionar as decisões acertadas com
os demais representantes do povo: os deputados e os senadores.
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