Fernanda Fernandes Borges
O término do Seminário Mídia
e Justiça 2015 que teve o tema “Violência, Infância e Juventude” e foi promovido pela
Assessoria de Comunicação Institucional (Ascom) do Tribunal de Justiça de Minas
Gerais (TJMG) foi feito por meio de um debate mediado pelo jornalista Adriano
Guerra, Coordenador Executivo da ONG
Oficinas de Imagem / Belo Horizonte e contou com perguntas da plateia aos
convidados que realizarem palestras no evento.
A juíza da Vara Infracional da Infância e da
Juventude Valéria da Silva Rodrigues e Mário
Volpi, Coordenador do Programa Cidadania dos Adolescentes do Fundo das Nações
Unidas para a Infância (Unicef) no Brasil, responderam os questionamentos de
alguns participantes.
Foto: Fernanda Fernandes BorgesO público fez questionamentos aos participantes |
Em relação á proibição da veiculação
das imagens de adolescentes infratores, Mário Volpi, justificou que essa
iniciativa é importante, pois caso contrário uma imagem pode condenar a pessoa
para sempre. E ainda questionou: “Qual é
o interesse da sociedade em ver a foto do delinquente? Fazer justiça com as
mãos? É preciso deixar que a justiça atue e não agir por conta própria”.
Foto: Fernanda Fernandes BorgesMário criticou a "justiça com as próprias mãos" |
Ele ainda justificou o seu
posicionamento, alegando que essa atitude não é proteger o delito, mas sim a
imagem do adolescente, para que o seu passado não impeça o seu desenvolvimento
futuro. Não se deve desperdiçar a chance de ressocialização.
Outra questão abordada foi a
necessidade que o jornalista tem de ter um personagem para narrar sua história
e como fazê-lo diante dessa proibição da divulgação da imagem. Para a juíza
Valéria da Silva é importante essa medida, para não haver julgamento prévio.
A magistrada afirmou que a
mídia é o interlocutor com a sociedade. “O juiz pode atender á imprensa, sem mostrar o infrator. Pode elucidar as penas
previstas para quem comete delitos e mostrar que há punição, sem a necessidade
de mostrar o rosto de ninguém”, disse.
Para o coordenador da Unicef,
Mário Volpi, a imprensa muitas vezes é sensacionalista. “ O
equilíbrio para a cobertura seria mostrar os adolescentes não infratores, fazendo
coisas interessantes. Em muitos casos, o que é bom a mídia não mostra. Há uma
invisibilidade para as boas atitudes dos adolescentes, como as ações sociais”, disse.
Um questionamento se a
educação é a única solução para tratar os menores infratores e até mesmo
impedir outros de ingressarem nesse universo, foi respondida pela juíza
Valéria. “A educação é primordial para
todos. A falta dela gera ausência de oportunidades. Se o adolescente estuda,
não comete atos infracionais. Um país que investe na educação, impede a criminalidade”, ressaltou.
Foto: Fernanda Fernandes BorgesA juíza Valéria ressaltou a importância da educação |
Em relação ao adolescente e
o trabalho a magistrada e o coordenador da Unicef se mostraram contrários ao
simples fato de um jovem trabalhar e não
estudar.
“A legislação trabalhista,
ás vezes, é muito rigorosa. Sou contra o trabalho infantil. O adolescente tem
que ter a oportunidade de ingressar no mercado de trabalho e se aperfeiçoar. Há
uma resistência grande em acolher os adolescentes infratores”, falou a juíza Valéria.
“A escolaridade é decisiva
na vida de uma pessoa, em todos os setores. O adolescente infrator enfrenta mais
obstáculos ainda, pois, muitas vezes,
fica três anos internado e sai de lá sem o Ensino Médio completo. A
centralidade da escola é óbvia. O jovem tem que ampliar as suas capacidades
para não reincidir no crime. Tem que ser preparado, para fazer outras coisas”,
defendeu Mário Volpi.
A discussão promovida no
encontro foi de grande importância para tentar melhorar a forma como a imprensa
lida com os adolescentes infratores. A mídia deve sempre contribuir para a
melhoria da sociedade em que vivemos e não conturbá-la com sentimentos de
revolta e justiça com as próprias mãos.
Foto: Fernanda Fernandes BorgesO debate foi útil para melhorar a relação entre a imprensa e o TJMG |
A educação é sem dúvida um
caminho do bem a ser trilhado por quem deseja vencer na vida. Por isso, é
indispensável que o Estado invista nesse setor de modo que os adolescentes e as
crianças se sintam motivados a permanecer na escola e se tornarem cidadãos
vitoriosos na carreira e na vida.
O trabalho na juventude é
muito gratificante, desde que propicie ao jovem receber um aprendizado que lhe
seja útil, no futuro. Ocupar a mente e
se livrar da ociosidade é uma ótima maneira de afastar o jovem da criminalidade
e colocá-lo no rumo certo do alcance de suas metas.
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