Fernanda Fernandes Borges
No Seminário Mídia e Justiça 2015, que teve o tema “Violência,
Infância e Juventude”, realizado pela Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), por meio de sua Assessoria de Comunicação Institucional (Ascom), no último dia 10, o palestrante
Mário Volpi, Coordenador do Programa Cidadania dos
Adolescentes do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) no Brasil, discorreu
sobre as dificuldades e possíveis
caminhos para tratar o jovem que comete infrações.
Foto: Fernanda Fernandes BorgesMário Volpi discursou no Seminário Mídia e Justiça 2015 |
“Tem que haver investimentos em todas as faixas etárias”,
disse no início da sua fala. Ele falou da importância do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) que completa 25 anos, em 2015.
Foto: Fernanda Fernandes BorgesO ECA completa 25 anos este ano |
Mário afirmou que o pensamento de que o trabalho
ajuda o adolescente é um mito, pois devido as suas deficiências
educacionais, pode gerar um adulto
dependente das políticas sociais. Já a Lei do Aprendiz é considerada por ele
uma ótima iniciativa, porque concilia aprendizagem e trabalho.
Sobre a redução da maioridade penal que tem a intenção de reduzir o número de
delitos cometidos por esses jovens, o palestrante se mostrou contrário . “É um
retrocesso a redução da maioridade penal. Em alguns países desenvolvidos houve a criação de um sistema intermediário
entre a infância e os adultos. Cria-se uma segunda chance nesse sistema .
Quando se trata um adolescente como criminoso, ele não é maduro, não é estável
e falta preparo em suas atitudes”, afirmou.
Foto: Fernanda Fernandes BorgesA redução da maioridade penal é um retrocesso, segundo o palestrante |
É preciso trabalhar três características em um
adolescente: a identidade, a autonomia e a interação. Segundo, Mário é bobagem
dizer para um jovem que o crime não compensa, porque o adolescente tem uma
personalidade peculiar que o impele, muitas vezes, a viver de modo perigoso e
desafiador.
A construção da identidade é muito importante, segundo o
coordenador. É necessário não vestir um menino como adulto, para que ele não
crie uma identidade de bandido. “Por isso, não se deve transportar os menores
infratores em camburões’’, falou.
“A vida não é uma concha fechada, ela tem muitas
possibilidades. Muitas vezes, os adultos não entendem os adolescentes e ficam
fechados em seu universo sem descobrir um mundo novo”, ressaltou Mário.
Foto: Fernanda Fernandes Borges"A vida é cheia de possibilidades", disse o coordenador |
O palestrante ainda lembrou que o adolescente infrator,
não é nada mais que um adolescente que precisa desenvolver a própria autonomia,
como qualquer ser humano. Caso cometa alguma transgressão, precisa ser penalizado.
No entanto, ele reafirmou que não há uma solução mágica. “Existe
uma trajetória de indisciplina que não respeitou algum limite. O Estado precisa
atuar, ajudando o adolescente a criar um outro estilo de vida. É preciso
trabalho terapêutico e firmeza, senão o jovem volta à criminalidade. O
adolescente testa o adulto e por isso é preciso consistência pedagógica”, disse.
A respeito da interação, Mário lembrou que isso é uma das
principais características da juventude. Por isso, é bom deixar claro aos
adolescentes que se cometerem alguma infração ficarão privados da liberdade,
que não é nada bom para eles, nessa fase da vida.
O coordenador
citou que medidas mais duras como a pena de morte e a prisão perpétua
não são sinônimas de mais segurança e menos violência em um país. “Nos Estados
Unidos existem esse tipo de punição. No
entanto, o número de adolescentes infratores é três vezes maior”, ressaltou.
Foto: Fernanda Fernandes BorgesMário Volpi criticou a pena de morte e a prisão perpétua como formas de punição |
Mário definiu os adolescentes como sujeitos concretos que
vivem uma fase de transformações. Ainda afirmou que a infância e a adolescência
exige investimento do país.
É claro que a educação é o melhor caminho para tentar
colocar o ser humano no rumo certo. Quando ele estuda e é motivado, não tem
tempo para pensar em transgressões. Por isso, é uma excelente iniciativa se
investir nesse setor.
Conviver com menores infratores é revoltante, pois a cada
dia percebe-se que eles estão mais ousados e cometem infrações gravíssimas. É
preciso coibir essas ações e lutar por mais segurança pública e medidas que
visem impedir essa criminalidade crescente.
É inaceitável pensar que o adolescente infrator é um
“coitado”. É claro que é um ser humano em fase de mudanças, mas as mortes e
roubos, além de outros tipos de violência não podem ser admitidas, para que o país não se transforme em um caos total.
São necessárias medidas mais severas sim, para impedir o
aumento de infrações. Além disso, é preciso
investimento para ocupar melhor a ociosidade desses jovens e tentar retirá-los
desse universo criminoso, exemplificando, que caso eles ingressem nesse mundo é
um caminho sem futuro e repleto de privações.
Tive a oportunidade de acompanhar à distância, esse seminário, muito rico nos detalhes a que se propõe, pena que teve pouca participação. Mais uma vez, uma excelente reportagem desse blog! Muito bom, Fernanda...
ResponderExcluirTive a oportunidade de acompanhar à distância, esse seminário, muito rico nos detalhes a que se propõe, pena que teve pouca participação. Mais uma vez, uma excelente reportagem desse blog! Muito bom, Fernanda...
ResponderExcluirMuito obrigada pelo prestígio, amigo. Que satisfação ter leitores cultos e inteligentes como você .
ExcluirObrigado pela gentileza.
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